terça-feira, 29 de junho de 2010

Crônica de Dona Flor e Nenhum Marido

“O texto que você vai ler a seguir é uma obra de ficção. Os personagens e situações nele descritos são tão-somente fruto da imaginação de seu(ua) autor(a)... Ou não.”

O Tony era aquele que a fazia suspirar. Quando eles se encontravam, não precisavam muitas palavras. Aquele olhar safado de canto de olho, e em meia hora ela já estava na cama dele. Depois, acordava com olhos manchados de maquiagem e cheia de arrependimento, sabendo que durante uns bons meses ele ia tomar chá de sumiço. Ou ia ser visto por ela cercado de piriguetes de cabelo oxigenado, com uma dose de whisky com energético na mão e nenhuma consideração por ela no coração. Tony sequer tinha seu telefone. Pra quê? Esse era o cara que jamais ligava no dia seguinte...

O Mateus era um moleque. Muito mais novo que ela. Conheceram-se numa rave. Ele estava fritando de tanta coisa na cabeça, e ela estava frita de tão chata que estava aquela noite que virava dia e não acabava nunca. Deram uns beijos. Ela gostou da brincadeira. Ia buscar ele na porta da faculdade na hora do intervalo, e devolvia na hora da saída. Os dias de semana dela passaram a ser divertidos por conta de Mateus. Ele sempre ligava. A cobrar. Ou mandava uma mensagem. Nas raras vezes que ele a ligava no final de semana, ela estranhava. Ela passou a não atender mais. Nem durante a semana.

O Pedro era um caso à parte. Ela, que achava que ex-namorados estavam todos mortos e enterrados, viu-se de novo presa nas teias dele. Pedro era manipulador. Sistemático. Ciumento. Indecifrável. E por tudo isso, irritantemente irresistível. Ela foi forte até onde pôde. Cedeu à irritante presença de Pedro, sucumbiu. Mas não cedeu à tentação de retomar aquele relacionamento falido com o nome de namoro. Pedro se foi.

O William era um doce. Sempre a olhava com olhos de ternura, e dizia que ela era linda. Que ela era carinhosa. Que ela era perfeita. William era um pobre rapaz, tão sofrido na vida, tão pobre e cheio de desamor. Se amparou nos braços dela, queria sugar o que ela tinha de bom pra si. Queria transformar aquela vida sem sentido em felicidade. Queria fazer ela feliz. Nunca se esquecia dela. Nunca a destratou. Sempre esteve lá. Um doce, que de tão doce... enjoou.

Jorge era um mistério. Um pouco mais velho, e muito mais interessante. Culto, educado, galante na medida certa. Sem passado. Jorge era frio, era quente. Ela nunca sabia o que Jorge traria pra ela. E como ela queria Jorge! Jorge sabia manter esse desejo. Jorge era mestre na arte do esconde-esconde. Mas, do mesmo modo que veio, um dia, Jorge desapareceu.

Léo era afobado. Léo a queria intensamente. Atleta. Não sabia perder. Músculos de Adônis com um cérebro de minhoca. Léo não a entendia, tinha medo dela. Léo metia os pés pelas mãos na vã tentativa de agradá-la. Escrevia mensagens e bilhetes em português de quem não frequentou com afinco os bancos de escola. Desilusão ortográfico-amorosa. Léo era apenas um corpo bem talhado... Mas no qual faltava a cabeça.

A moça fez o que era melhor pra ela, ficou só, em sua própria companhia. Companhia melhor, não existe.
Angel

Um comentário:

Anônimo disse...

Eita... nem sempre dá pra querer tudo num só, não é?

E tinha alguém que citava alguma escritora, em palavras que não me lembro, mas que falavam do risco de se tirar os defeitos das pessoas...

A perfeitude não é chata?

Shisuii