Há algumas edições atrás, a Revista SUPERINTERESSANTE publicou um artigo sobre os procrastinadores, ou seja, pessoas que, apesar de estarem cheias de obrigações (trabalho, casa, filhos, estudos), acabam cedendo à preguiça e deixando tudo para depois. Explicava o tal artigo que estas pessoas sofrem de culpa, stress e arrependimento, porque não fazem o que deveriam fazer na hora certa e acabam acumulando serviço para depois. E, ainda, dizia que, ao contrário do que se pensava, os procrastinadores são pessoas com maior intenção de trabalhar e boa vontade para atender às pessoas à sua volta, e, justamente por isso, acabam tomando para si obrigações e metas que não conseguem cumprir.
Sinceramente, depois que li o artigo, me identifiquei completamente. Eu sou uma procrastinadora, ou, em português claro, uma enrolona mesmo!
Antes de me enxovalharem, e pensarem que ganho todo mês meu salário ‘na flauta’, e que minha casa é uma zona, me explico: é óbvio que eu não enrolo todos os dias. É óbvio que tem dias que trabalho como uma moura, que pego pesado no batente e nem vejo o tempo passar. Mas eu tenho um problema sério. Dependendo do tipo de tarefa, eu enrolo descaradamente! Eu simplesmente travo, e quando a pilha de papel na minha mesa fica maior que eu, ou meu armário de quarto me soterra com uma avalanche de roupa bagunçada, eu me pego fuçando no Orkut até do ex-namorado-da-moça-da-padaria, puxando conversa no MSN até com aquela menina que só fala através de emoticons (não sei se já disse isso aqui, eu DETESTO emoticons) e assistindo Elvira, a Rainha das Trevas na Sessão da Tarde.
Antes eu achava que era vagabunda, que não gostava de trabalhar e pronto. Mas eu adoro trabalhar! Sou viciada mesmo, posso até me auto-denominar workaholic, tanto que é só me dar uns diazinhos de folga (uns 5 dias, nem precisa mais) pra eu começar a surtar e ter crise de abstinência pra voltar pro meu tronco.
O problema é o tipo de trabalho. Em algumas coisas eu sou tão dedicada que até faço adiantado (escrever para o blog, por exemplo, pena que isso não paga nossas contas, né?). Mas outras coisas ficam impiedosamente engavetadas, criando traça, teia de aranha, olhando pra mim e dizendo: “você não serve pra nada mesmo”.
Já tive oportunidade de fazer o teste. Já trabalhei em um lugar em que não curtia muito o chefe e os colegas, mas adorava o trampo. Ia trabalhar feliz e saía de lá saltitante! E não pensem que era moleza não, eu saía com os neurônios torrados, mas feliz da vida (infelizmente não fiquei nesse trampo, sem detalhes, por favor...).
Bom, mas vocês devem estar pensando: “Pô, então taí a solução para os seus problemas. É só fazer uma coisa que você goste que você vai fazer sempre bem. E em dia”
Ótimo. Também acho isso. Só que infelizmente não inventaram “trabalho self-service”, com uma bandeja onde você só pega pra comer, ops, pra fazer, o que gosta e deixa de lado o que não quer. Eu odeio limpar cocô de cachorro, por exemplo, mas meus cachorros fazem cocô todo dia. Me sinto uma dalit limpando a caca deles (quem não sabe o que é dalit, assista à novela das 8), mas limpo, ué. Buchas aparecem, gente chata aparece. E a vontade de enrolar? Ah, ela aparece mesmo!
Se eu pudesse escolher, passaria a vida inteira comendo bala de goma (ADOOORO), mas não é assim que funciona, né?
Bom, tirando a crise existencial, tudo bem. Eu sei que darei conta do recado. Nem que pra isso eu tenha que fazer plantão pra colocar os “engavetados” em dia e aprender a dizer “NÂO” para o que seja além das minhas forças e da minha capacidade.
Bom, sem querer me desculpar, transcrevo aqui um trecho do artigo que eu citei:
“Além disso, estamos mudando nossa percepção de tempo e urgência. Há pouco tempo, tolerávamos esperar uma semana para receber uma carta. Hoje, demorar um dia para responder um e-mail parece uma eternidade. Será que a procrastinação e o sentimento de culpa derivado dela vão evoluir para níveis cada vez mais paranóicos? É melhor pensar nisso só amanhã” (Eduardo Fernandes).
Críticas e comentários ficam por conta de vocês. Eu? Como diria Jaiminho, o Carteiro, “prefiro evitar a fadiga”.
PS: deixa eu voltar a trabalhar porque o dever me chama e daqui a pouco Balzack vai me mandar criar um blog só pra mim e parar de dar pitaco no dela!
Angel
Sinceramente, depois que li o artigo, me identifiquei completamente. Eu sou uma procrastinadora, ou, em português claro, uma enrolona mesmo!
Antes de me enxovalharem, e pensarem que ganho todo mês meu salário ‘na flauta’, e que minha casa é uma zona, me explico: é óbvio que eu não enrolo todos os dias. É óbvio que tem dias que trabalho como uma moura, que pego pesado no batente e nem vejo o tempo passar. Mas eu tenho um problema sério. Dependendo do tipo de tarefa, eu enrolo descaradamente! Eu simplesmente travo, e quando a pilha de papel na minha mesa fica maior que eu, ou meu armário de quarto me soterra com uma avalanche de roupa bagunçada, eu me pego fuçando no Orkut até do ex-namorado-da-moça-da-padaria, puxando conversa no MSN até com aquela menina que só fala através de emoticons (não sei se já disse isso aqui, eu DETESTO emoticons) e assistindo Elvira, a Rainha das Trevas na Sessão da Tarde.
Antes eu achava que era vagabunda, que não gostava de trabalhar e pronto. Mas eu adoro trabalhar! Sou viciada mesmo, posso até me auto-denominar workaholic, tanto que é só me dar uns diazinhos de folga (uns 5 dias, nem precisa mais) pra eu começar a surtar e ter crise de abstinência pra voltar pro meu tronco.
O problema é o tipo de trabalho. Em algumas coisas eu sou tão dedicada que até faço adiantado (escrever para o blog, por exemplo, pena que isso não paga nossas contas, né?). Mas outras coisas ficam impiedosamente engavetadas, criando traça, teia de aranha, olhando pra mim e dizendo: “você não serve pra nada mesmo”.
Já tive oportunidade de fazer o teste. Já trabalhei em um lugar em que não curtia muito o chefe e os colegas, mas adorava o trampo. Ia trabalhar feliz e saía de lá saltitante! E não pensem que era moleza não, eu saía com os neurônios torrados, mas feliz da vida (infelizmente não fiquei nesse trampo, sem detalhes, por favor...).
Bom, mas vocês devem estar pensando: “Pô, então taí a solução para os seus problemas. É só fazer uma coisa que você goste que você vai fazer sempre bem. E em dia”
Ótimo. Também acho isso. Só que infelizmente não inventaram “trabalho self-service”, com uma bandeja onde você só pega pra comer, ops, pra fazer, o que gosta e deixa de lado o que não quer. Eu odeio limpar cocô de cachorro, por exemplo, mas meus cachorros fazem cocô todo dia. Me sinto uma dalit limpando a caca deles (quem não sabe o que é dalit, assista à novela das 8), mas limpo, ué. Buchas aparecem, gente chata aparece. E a vontade de enrolar? Ah, ela aparece mesmo!
Se eu pudesse escolher, passaria a vida inteira comendo bala de goma (ADOOORO), mas não é assim que funciona, né?
Bom, tirando a crise existencial, tudo bem. Eu sei que darei conta do recado. Nem que pra isso eu tenha que fazer plantão pra colocar os “engavetados” em dia e aprender a dizer “NÂO” para o que seja além das minhas forças e da minha capacidade.
Bom, sem querer me desculpar, transcrevo aqui um trecho do artigo que eu citei:
“Além disso, estamos mudando nossa percepção de tempo e urgência. Há pouco tempo, tolerávamos esperar uma semana para receber uma carta. Hoje, demorar um dia para responder um e-mail parece uma eternidade. Será que a procrastinação e o sentimento de culpa derivado dela vão evoluir para níveis cada vez mais paranóicos? É melhor pensar nisso só amanhã” (Eduardo Fernandes).
Críticas e comentários ficam por conta de vocês. Eu? Como diria Jaiminho, o Carteiro, “prefiro evitar a fadiga”.

Angel
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