terça-feira, 29 de junho de 2010

Crônica de Dona Flor e Nenhum Marido

“O texto que você vai ler a seguir é uma obra de ficção. Os personagens e situações nele descritos são tão-somente fruto da imaginação de seu(ua) autor(a)... Ou não.”

O Tony era aquele que a fazia suspirar. Quando eles se encontravam, não precisavam muitas palavras. Aquele olhar safado de canto de olho, e em meia hora ela já estava na cama dele. Depois, acordava com olhos manchados de maquiagem e cheia de arrependimento, sabendo que durante uns bons meses ele ia tomar chá de sumiço. Ou ia ser visto por ela cercado de piriguetes de cabelo oxigenado, com uma dose de whisky com energético na mão e nenhuma consideração por ela no coração. Tony sequer tinha seu telefone. Pra quê? Esse era o cara que jamais ligava no dia seguinte...

O Mateus era um moleque. Muito mais novo que ela. Conheceram-se numa rave. Ele estava fritando de tanta coisa na cabeça, e ela estava frita de tão chata que estava aquela noite que virava dia e não acabava nunca. Deram uns beijos. Ela gostou da brincadeira. Ia buscar ele na porta da faculdade na hora do intervalo, e devolvia na hora da saída. Os dias de semana dela passaram a ser divertidos por conta de Mateus. Ele sempre ligava. A cobrar. Ou mandava uma mensagem. Nas raras vezes que ele a ligava no final de semana, ela estranhava. Ela passou a não atender mais. Nem durante a semana.

O Pedro era um caso à parte. Ela, que achava que ex-namorados estavam todos mortos e enterrados, viu-se de novo presa nas teias dele. Pedro era manipulador. Sistemático. Ciumento. Indecifrável. E por tudo isso, irritantemente irresistível. Ela foi forte até onde pôde. Cedeu à irritante presença de Pedro, sucumbiu. Mas não cedeu à tentação de retomar aquele relacionamento falido com o nome de namoro. Pedro se foi.

O William era um doce. Sempre a olhava com olhos de ternura, e dizia que ela era linda. Que ela era carinhosa. Que ela era perfeita. William era um pobre rapaz, tão sofrido na vida, tão pobre e cheio de desamor. Se amparou nos braços dela, queria sugar o que ela tinha de bom pra si. Queria transformar aquela vida sem sentido em felicidade. Queria fazer ela feliz. Nunca se esquecia dela. Nunca a destratou. Sempre esteve lá. Um doce, que de tão doce... enjoou.

Jorge era um mistério. Um pouco mais velho, e muito mais interessante. Culto, educado, galante na medida certa. Sem passado. Jorge era frio, era quente. Ela nunca sabia o que Jorge traria pra ela. E como ela queria Jorge! Jorge sabia manter esse desejo. Jorge era mestre na arte do esconde-esconde. Mas, do mesmo modo que veio, um dia, Jorge desapareceu.

Léo era afobado. Léo a queria intensamente. Atleta. Não sabia perder. Músculos de Adônis com um cérebro de minhoca. Léo não a entendia, tinha medo dela. Léo metia os pés pelas mãos na vã tentativa de agradá-la. Escrevia mensagens e bilhetes em português de quem não frequentou com afinco os bancos de escola. Desilusão ortográfico-amorosa. Léo era apenas um corpo bem talhado... Mas no qual faltava a cabeça.

A moça fez o que era melhor pra ela, ficou só, em sua própria companhia. Companhia melhor, não existe.
Angel

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Dia de São João


Todos sabem que não sou muito ligada nesses lances de santos, mas São João é um cara que até me cativa.

É o santo conhecido como festeiro, por isso as grandes festas em seu nome, com muita dança, comilança, fogueira e o tradicional levantamento do mastro de São João.
Coitado, perdeu a cabeça por causa de uma mulher. No mau sentido mesmo, pois a vaca da Salomé, por puro capricho, fez beicinho, pôs o dedinho na boca e pediu a cabeça do cara numa bandeja. Melindrosa essa garota. Podia ter pedido um daqueles escravos sarados que passam nos filmes de sessão da tarde em dias santos. Bobinha.

Sei que muitos vão querer me atirar bombinhas, mas... Como seria São João, não tão santo assim, nos atuais dias???

Primeiro que já adotaria o nome de Johnny, acharia mais moderninho. Por ser o primo do JC seria mais um playboy na fita.
Como é muito chegado a festas e um cara moderninho, iria promover grandes raves. E, com a fama de ser um cara meio tímido, teria que tomar uns docinhos para descontrair.

Se analisarmos a música feita em sua homenagem, podemos captar, mesmo sutilmente, o teor de suas festas:

Sonho de Papel
Autor: Alberto Ribeiro

O balão vai subindo – Festa rave é cheia dos balõezinhos fluorescentes, mas muitas outras coisas vão subindo em Johnny.

Vem caindo a garoa – na verdade essa garoa foi um erro de digitação, era pra ser GAROTA, um erro muito comum, pois a letra foi escrita em papiros, não dava pra lascar um CTRL Z.

O céu é tão lindo/ E a noite é tão boa – É claro, que a festa tava rolando numa chácara.

São João, São João/ Acende a fogueira/ No meu coração – Agora a coisa começou a esquentar na festa e a garota já tá doidinha.

Sonho de papel/ A girar na escuridão – Essa é pra turminha nóinha que apareceu na festa.

Soltei em seu louvor/ No sonho multicor - \o/ Tá batendo!!!

Oh! Meu São João – Isso é Johnny falando com seu bilau.

Meu balão azul – Ele começou a ver que o balão tá caindo e já começa em pensar em outro remedinho, o azul.

Foi subindo devagar – Jisuis, Johnny está tenso...

O vento que soprou – Alguns chamam de ‘brisa’, efeito de docinhos.

Meu sonho carregou – É mina, o balão caiu.

Nem vai mais voltar – Xiii... o azulzinho não resolveu.

Moral da estória: Eu sempre falei que festa rave é uma merda. E ficar se entupindo de drogas broxa qualquer um. O mastro de Johnny não sobe, acabando com a festa das garotinhas. Se era pra chapar e continuar comedor, que tomasse Ecstasy então.

Tsc Tsc Tsc...
E... Johnny... Sempre perdendo a cabeça.

Balzaks

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Papo Cultural

Sim, nós temos cultura por essas bandas, sim senhor!

Então, não me venham com esse papo coitado de que no Brasil não temos acesso à cultura. Não temos é muito apoio para realizar esses espetáculos e nem folga como nos dias de PAFI e de Copa. Mas temos ‘almas boas’ que se desdobram para nos proporcionar o melhor. E, como dizia Sérgio Nunes: “Vamos jogar pérolas aos porcos sim”.
Alguns eventos são gratuitos ou com preços mega simbólicos. E nesse inverno, vários deles estão agendados para esquentar a região.
E nosso espaço ta aberto a essas divulgações. Vamos lá:
* Jacarezinho (PR): EnCena - Mostra de Teatro de Jacarezinho, com espetáculos divinos.



Jacarezinho fica a aproximadamente 20 km daqui de Ourinhos mas, como somos ilhados por pedágios, o lance é ir de busão mesmo. Mas vale muiiito a pena. Ingressos à R$ 6,00 (inteira) e R$ 3,00 (meia). Dá pra ir com a sua avó ou com os gatinhos da FAFIJA e da UNESP, já que os da FATEC, os da Faculdade de Direito e muitos da FIO e da Estácio não vão a essas coisas mundanas.

Saca a programação:

- 21de junho - 15 horas, na frente da Prefeitura: Circo Teatro Sem Lona, "O Amor de Peri e Ceci", inspirado na obra de José de Alencar. Às 20h30:  "A alma boa de Setsuan", de Bertold Brecht, no CAT.
- 22 de junho, às 20h30: Agreste", com a Companhia Razões Inversas, no CAT. 
- 23 de junho, às 20h30: "Kafka – Escrever é um sono mais profundo do que a morte", com o grupo Delírio Cia. De Teatro, de Curitiba, no CAT.
- 24 de junho, às 20h30: "A vida como ela é", do Nersão (Nelson Rodrigues), com o grupo Delírio Cia. De Teatro. 
- 25 de junho, às 20h30: "Doido", com Elias Andreato - São Paulo. Endoidecendo a galera e fechando o festival.


* Em Ourinhos/SP (aqui): No domingão, dia 27 de junho, teremos mais um espetáculo realizado através do Circuito Cultural Paulista, é a peça “Aldeotas”. Com abordagem focada na memória, a peça tem texto escrito pelo ator Gero Camilo, que divide o palco com Marat Descartes. A montagem, dirigida por Cristiane Paoli-Quito, ganhadora do Prêmio Shell por este espetáculo, evidencia a capacidade de empregar a palavra como ferramenta de um teatro voltado para o ator e a poesia. A apresentação começa às 20h no Teatro Municipal Miguel Cury e a entrada é gratuita.

Lembra desse cara? É o que casa com o Rodrigo Santoro no filme "Carandiru".

Logo logo eu divulgo aqui a programação do X Festival de Música de Ourinhos, com suas famosas canjas (e músicos lindos, ui) que deixam muitas histórias boas.


Balzaks

A alma boa de Setsuan


Tive o prazer de ir na segunda-feira, dia 21, ao espetáculo de meu querido Bertold Brecht (meu escritor favorito, independente de estar fazendo uma peça dele), com um elenco mara, como Denise Fraga, apresentando “A Alma Boa de Setsuan”*. Este foi o primeiro texto de Bertold Brecht encenado profissionalmente no Brasil.

Não é a toa que admiro o Brecht. Ele é um dos poucos que não deixam a plateia entrar em catarse, faz com que todos saiam refletindo sobre seus defeitos e suas situações reais.

A peça conta a estória de uma prostituta de coração bom. Ela consegue mudar de vida devido à ajuda de Deus e compra uma tabacaria. Como ajudava a todos, é explorada por todos os que ferraram sua vida e resolve virar outra pessoa, um primo fictício, com personalidade diferente, para tentar barrar esses exploradores.

É o que acontece na nossa vida. Quem já não ouviu falar que quem ajuda sempre se fode? É claro que tem toda aquela ideologia de que ‘tudo será creditado em nossa cadernetinha divina’, e acredito realmente nisso, mas às vezes é muito difícil não se rebelar com esses ‘seresumanus’ que se aproveitam dessa crença.

Um antigo chefe meu uma vez me puniu por ter atendido prontamente a um cliente, alegando que quando eu não pudesse atendê-lo, ele não aceitaria. Na hora me revoltei. Acreditei que meu chefe era um péssimo administrador. Passou-se duas semanas o cliente voltou. Batata! Ainda protocolizou uma reclamação no PROCON por meu mau atendimento. Assim, comecei a acreditar.

Há um tempo, no meu trampo, comecei a executar tarefas que não eram do meu setor. Queria ‘vestir a camisa’ da empresa e comecei a ajudar a todos. Até que todos começaram a contar muito com a minha ajuda. Eis que um dia ouço a pérola: ‘Não vou fazer tal coisa, pois sei que a idiota da balzak fará mesmo’. Larguei mão.

Mas como os bebês não aprendem a andar com o segundo tombo, entrei em outra emboscada com mais quatro pessoas, onde apenas eu e outro idiota trabalhava para o restante ganhar.

Me sentindo cretina outra vez e lembrando as sábias palavras de meu ex-chefe, resolvi sair do lance. O que aconteceu? Pasmem! Fui ameaçada de ter que devolver todo o dinheiro recebido, embora tenha trabalhado para isso.

É muito difícil acreditar em nosso crédito no céu, quando não temos um extrato mensal. Não sou espírito de luz para dar a outra face, sem um asqueroso palavrão que, comprovadamente, alivia a dor.

Será que teremos que vestir uma ‘máscara do mal’ para poder conviver com as pessoas, sem ser sacaneadas por elas, vestidas com ‘máscaras do bem’?

Será que temos que ter um critério mais rigoroso ao escolher a quem ajudar, sendo esses sacanas os que mais precisam de ajuda?

E quem ajuda os que ajudam?

É como dizem: amar o mocinho é fácil, foda é amar o bandido.

Então, me ajudem bandidos, pois tá tenso continuar a lhes dar a mãozinha aberta. Uma delas mesmo está louquinha para se fechar num soco grandão.

“Enquanto todo mundo espera a cura do mal, minha loucura finge que tudo é normal. Eu finjo ter paciência”. (Lenine)

Balzaks

* Peça apresentada no EnCena (Jacarezinho - PR). Informações no blog: http://curtaourinhos.blogspot.com/. A programação tá MARA.

sábado, 19 de junho de 2010

Festa Ju(l)nina

Junina ou julina essa tão tradicional festinha me confunde. Às vezes acho mara e outras um despropósito. Tenho minhas razões e vamos a elas.



As iguarias culinárias... hummm. Aquele bolo de milho que você só encontra nessa época do ano. Quando tem aquele fundinho levemente queimado então é sublime com chocolate quente, com um chorinho de conhaque. Uma mistura aquecedora de corações.



Já o quentão é pra acabar com o peão mesmo. Aquele mistura indigesta de pinga, cravo e gengibre é uma bomba calórica e alcoólica. Se bem que o vinho quente também tem suas calorias, mas tem umas frutinhas que dão a falsa ideia de ser saudável.



Sem falar que dá uma mistura aquecedora de colo uterino, que você começa a rezar até pra Santo Antônio te arranjar um par para pular a ‘fogueira’.



É claro que abomino o uso daquelas roupas ridículas, que dizem ‘caipira’. Pô, já morei em regiões rurais, moro ainda no interior (embora seja no pântano) e nunca vi pessoas com vestidos coloridos e de rendinha, sardas monstruosas e de trancinha. Os homens possuem dentes e sorrisos lindos e não usam botina mata-formiga-rasta-pé. E aqueles jeans agarradinhos e camisas semi abertas? Aigizuis...



A dança é um caso a parte. Morro de dó daquelas criancinhas com o nariz roxo de frio, cara de bunda, fazendo sempre os mesmos passinhos, balançando a saia ou o chapéu de palha, se enroscando nas fitas... Com aquelas mães loucas batendo fotos sem parar e nunca respeitando o restante da plateia.



Ultimamente só estou vendo festa junina decorada com bandeirinhas da copa. Aff... Chega a doer. Juro.



E as bombinhas? Ah... Minha TPM explodindo. Como pode existir pai retardado, que compra esse ‘brinquedinho’ perigoso aos filhos. Minha vontade é enfileirá-los e tacar fogo.



Antigamente havia os correios elegantes, que contribuíram bastante para a minha frustração adolescente. Isso quando eu não era presa na cadeia de bombinhas quase a festa toda, com os moleques mais tranqueiras do colégio.



Quando eu era criança fui par do cara mais feio e xarope da sala. Para o meu infortúnio nossa dança foi a melhor e tivemos que reapresentá-la. A minha foto ao lado dele deu até medo no fotógrafo. Verdadeira visão do inferno.



Com tantos desfavores assim, me resta pedir que me entreguem um caipira, um bolo de milho e um vinho quente, pois minha bandeirinha está verdinha e bombando.



E...



“Pula fogueira, iá iá, pula fogueira, iô iô...”



Balzaks

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A LENDA DO “HOMEM DO MACACO”


Todas as vezes que eu, pobre criatura, em meus rompantes juvenis, sofria por antecipação por qualquer coisa, desde a nota da prova, a briga com a melhor amiga ou aquele carinha que não me dava bola, minha saudosa vovó, do alto de sua sabedoria, sempre me contava a lenda do “homem do macaco”. Explicando que macaco aqui não é o animal, e sim macaco hidráulico, aquele que serve pra trocar pneus (se bem que não faço idéia de como se usa aquilo). Vou contar aqui a tal historinha e mostrar pra vocês como ela se aplica às vidas das criaturas ansiosas que habitam esse planeta.
 
“Era uma vez, um homem que viajava, altas horas da madrugada, sozinho, com seu carro, por uma estrada sinuosa, escura e deserta. O lugar era situado no meio do nada, nenhum carro o ultrapassava, nenhum veículo à sua frente ou atrás dele. Fim de mundo mesmo. Eis que de repente, PÁÁÁÁ...o pneu do carro do nosso personagem estoura no meio daquele deserto. Motorista hábil que era, conseguiu controlar o possante a tempo e parar no acostamento sem maiores conseqüências. Desce ele do carro, e se prepara para trocar o pneu, uma vez que ele sabia que tinha um estepe no porta-malas pronto para estas emergências. No entanto, qual foi a surpresa do nosso solitário ao perceber que tinha, sim, o estepe, porém, que não tinha o macaco hidráulico para poder trocar o pneu. O homem ficou extremamente aborrecido. Posto de gasolina? Borracharia? Não, naquele deserto asfaltado qualquer sinal de civilização estaria a muitos e muitos quilômetros dali. Inconsolado, o homem sentou no acostamento e esperou. E nada. Ninguém passava por aquelas bandas. Estava começando a ficar perigoso esperar que alguma boa alma viva passasse por aquele lugar abandonado. Eis que, quase sem esperanças, o pobre homem avista uma casinha láááááá longe, no alto de uma colina. A casinha parecia iluminada, sinal de que alguém habitava ali. Retomadas as esperanças, o homem passou a caminhar em direção àquela colina, pra pedir ajuda, mais ainda, pedir emprestado o tão sonhado macaco para poder, finalmente, trocar o pneu e seguir sua jornada. Só que a tal casa era realmente muito longe, e durante a sua longa caminhada, o homem ficou conjecturando em como seria a recepção do dono da casa se um estranho aparecesse em sua porta, altas horas da noite, para pedir um objeto tão bizarro emprestado. Com o pensamento fixo em conseguir o macaco, o homem foi fazendo consigo “diálogos internos” em sua cabeça, enquanto andava. E pensou: “mas se eu chegar a essa hora na casa do sujeito, o que ele vai pensar? Bom, eu bato na porta. Se alguém atender, eu digo – boa noite, o Sr. teria um macaco pra me emprestar?”; “E se o dono da casa for um sujeito rude? E se ele achar que eu sou um assaltante?”, “Com certeza ele me responderá: isso são horas de acordar um trabalhador pra pedir um macaco emprestado? “Daí eu vou ter que dizer a ele – mas o Sr. tem que entender a minha necessidade, eu preciso muito desse macaco”; “Mas com certeza o dono da casa vai ficar bravo comigo e dizer: suma já daqui, não vou emprestar macaco nenhum!”

E assim foi, caminhando e brigando com a situação hipotética do dono da casa que deveria emprestar o tal macaco. Distraído com seus pensamentos, o nosso motorista não percebeu que já estava na porta da casa. E, furioso pela situação, bateu com força na porta da casa. E eis que um homem, dono da casa, abre a porta e diz: -“Pois não?”... e nosso personagem, enfurecido, responde: “Quer saber de uma coisa? Enfia esse macaco no seu C...!”
 
Bom, essa história ilustra que, na maioria das vezes, sofrer por antecipação, e tentar prever de forma negativa o que vai acontecer com a gente, só causa dissabores a nós mesmos. Muitas vezes a situação parece um caos, e a gente tenta encontrar um monte de resposta e desaforo pra enfrentar o problema futuro, que na maioria das vezes, nem é problema.

Por isso, antes de mandar alguém enfiar o macaco em qualquer lugar, vamos parar, ponderar e deixar fluir a situação. Tem muito “homem do macaco” por aí. Resta saber se você realmente quer ser um deles.
Angel

quarta-feira, 16 de junho de 2010

As copas da vida


Copa de 1990 – Itália - A primeira Copa do Mundo que me vem na memória é a de 1.990. Não lembro nada dos jogadores, que seleção era melhor ou pior, mas lembro muito bem de um boné que eu ganhei de brinde que ficava enorme na minha cabeça, todo verde-amarelo, onde tava escrito “Brasil, rumo ao tetra”. É, rumou, mas não foi. Eu tinha 9 anos, e não foi uma grande decepção ver o Brasil derrotado nas oitavas de final, porque felicidade pra mim e pro meu irmão era sair gritando no banco de trás da Belina laranja da minha mãe, com boné na cabeça e bandeirinha na mão – BRASIL, BRASIL (é, as mães sempre perdoam os nossos micos)

Copa de 1994 – EUA – Aí sim, pra mim a melhor copa de todos os tempos, e acredito que pra um monte de gente. Com 13 anos na época, era mágico poder acompanhar a escalação dos canarinhos de cor, e ver Bebeto e Romário dando show, com direito a embala-neném e tudo. Fazia a gente chorar de alegria. Mas feliz mesmo eu ficava quando o Viola era chamado pra substituir (eu já era corinthiana roxa e declarada). Depois dos jogos descia até a avenida principal da minha cidade pra paquerar os gatinhos de verde-amarelo. Não, não existiam emos naquela época. Maravilha! Ah, além de tudo, finalmente... é tetra!!!! (com direito a homenagem pro mais famoso corinthiano - Ayrton Senna)

Copa de 1998 – França – Com 17 anos eu ainda possuía a mesma empolgação adolescente da Copa de 94, e achava que o penta seria moleza. Sim, foi decepcionante, uma das grandes decepções da minha adolescência. A partir daí vi que não valia a pena sofrer por futebol. Só pelo curintia.

Copa de 2002 – Japão e Coreia do Sul – Nessa época eu já era uma mocinha adulta de 21 anos, fazendo faculdade e com outras coisas (goró, cuecas) mais importantes na cabeça. Gata escaldada, já não sofria com a copa. Copa essa, aliás, que foi transmitida nos piores horários possíveis, de madrugada, do outro lado do mundo. Assistir aos jogos naquele frio, em plena madruga, era um ótimo motivo pra beber. Churrascos nas repúblicas reinavam pra manter o povo ocioso acordado. Ótimo motivo para um “approach” com os torcedores-cuecas. E uma ressaca desgraçada no dia seguinte pra ir pro estágio. Mas, pra nossa felicidade, o Brasil foi penta!

Copa de 2006 – Alemanha - Pra mim, essa copa foi mais sem-graça que a própria seleção, que foi eliminada já nas quartas-de-final. Assistir aos jogos também era motivo pra churrascos, e eu, com 25 anos, já estava formada e tentando começar a carreira, na esperança que minha carreira não fosse tão curta como a dos jogadores. Jogadores que, por sua vez, frustraram os nossos churrascos, que tiveram que acabar antes da hora por conta da eliminação.

Copa de 2010 – África do Sul – Pra mim é a copa mais on line de todas. Nem que a gente não queria saber de copa, todos os sites de notícias, twitter, nicks de msn, só falam nisso. Dá pra acompanhar minuto a minuto os jogos sem sair da frente do pc, o que é muito útil mas um pouco irritante. Só menos irritante que as vuvuzelas. Sinceramente, eu, quase balzaca e com um histórico de pelo menos 6 copas na memória, não boto muita fé não. Mas dia de jogo aproveito a ótima desculpa pra beber e comer até virar uma jabulani.
E viva o Brasil!
Angel

segunda-feira, 7 de junho de 2010

6 Coisas Inéditas - Angel

Continuando a saga, ou melhor, o desafio de nosso mais fiel leitor/amigo, do blog Olhar de Lugar Nenhum é minha vez de assustar a blogosferaa. É, nem tanto...



1 – Durante a faculdade eu era secretária de um advogado professor de Direito do Trabalho. Descobri que ele deixava as provas do 4º ano salvas no seu computador. Eu gravava os arquivos e vendia pra um grupo de 4 alunos, que tiraram 10 o ano inteiro.

2 – Quando eu era criança, achava que umbigo era o numeral 1 mais a palavra bigo. Exemplo: eu tenho 1 bigo. Eu e você temos 2 bigos.

3 – Eu morro de medo de ETs até hoje. Digo que não assisto filmes de ETs porque são toscos, mas na verdade eu não posso ver porque não consigo dormir à noite depois com medo de ser abduzida.

4 – Eu já fui apaixonada por um cara casado. Mas juro que nunca cheguei nem perto dele.

5 – Eu tinha uma inveja mórbida da minha prima mais velha porque ela fazia ginástica olímpica. Mas tirava sarro dela e dizia q ela ia ficar nanica.

6 – Recentemente (ano passado) fiz uma coisa ridícula de adolescente: durante a madrugada roubei uma rosa e joguei na casa de um pretê com um bilhete anônimo meloso. Ok, estava bêbada.

Angel

sexta-feira, 4 de junho de 2010

6 Coisas Inéditas - Balzaks

Aceitando o desafio de nosso mais fiel leitor/amigo, do blog Olhar de Lugar Nenhum aceitamos o desafio de revelar 6 coisas inéditas, que ninguém sabe (acho). Preparem-se para esse grande furo. Aff...


1 – Na música “Al Capone”, de meu querido Raul, eu confundia a parte “Vê se te orienta” com “Vê se Johnny entra”!!! E imaginava que Johnny seria um primo competitivo, aspirante ao rei da máfia. Grandes fantasias com o cara...

2 – Com menos de 10 anos eu roubei cigarros e um perfume do meu pai, para fumar e borrifar o perfume para sentir seu cheiro. Digamos que essa sensação me tirava o fôlego. Freud ta tentando me explicar até agora.

3 – Fui eu que pichei o muro de uma creche com os dizeres: “Bota o papa pra fuder”, às 21 horas, com 14 anos, mas foi meu irmão que levou a culpa e teve que pintar o muro todo. Era imenso! Aposto que ele sabe disso, o que me rendeu muitas vinganças, mas ele não acessa o blog. É, eu procurei se pichar era com X.

4 – Não, essa num dá pra contar ainda...

5 – Um cachorrinho meu morreu, no início da minha adolescência, e eu achava que era culpa minha por eu ter me masturbado. Putz, como as culpas começam cedo.

6 – Eu tenho dúvidas se vou me apaixonar de novo e se vai haver outro grande amor na minha vida.

Post Sacana


Acredito que todos conheçam um bom e doente sacaneador. Não, caros leitores, não estou falando no bom sentido da coisa. Digo aqueles que nos sacaneam pelo prazer do estrago que proporcionam.
É claro que vejo muito isso no meu trabalho: pessoas que fodem com as outras, não para tirar alguma vantagem disso, mas apenas para sentir o gostinho em possuir o poder de ferrar.
Para isso, eles procuram, minuciosamente, aquele nosso pontinho fraco, aquele nosso segredinho mal guardado...

Assim como há os que matam bola na caçapa, chutam gato morto, martelam dedinhos no abismo... ou mesmo, botam uma boa lenha na fogueira para que outros derretam nela.

O que acho disso? Inferno e sodomização do capeta para eles!

Mas vamos falar de um outro ser que adora nos fazer isso: Nós! Sim, nos sacanearmos o tempo todo e com uma maestria que matariam os piores vilões de novelas de inveja.

E fica fácil quando nos conhecemos o bastante para saber nossos pontos mais fracos. Onde é batata. Tiro e queda. É pra foder mesmo.

Se estamos num momento deprê, relaxamos geral, nos entupimos de chocolate, desanimamos de malhação e a depiladora fica no prejuízo. Conseqüência: auto-estima lá nos quintos.
Devido a isto, criamos as mais mirabolantes encanações e dramas. Daí pra transformar o drama em verdade é um pulinho. É claro que ficamos horrorosas e amargas a ponto de ninguém nos suportar. É claro que vamos ficar sozinhos, pois são poucos os amigos que agüentam e por um espaço de tempo tolerável.
Tudo isso sem contar que nos jogamos no chão e imploramos por uma bicuda bem dada na boca do estômago. Entramos em êxtase se alguém topa e mete o pé, pois assim teremos a quem culpar pela nossa desgraça.
É incrível como nunca admitimos a culpa de nossa auto flagelação. Açoitamos a nós e quem ouse nos dar uma dura para pararmos de nos torturar. É difícil entender que somos os únicos responsáveis pela nossa falta de felicidade.Saímos do prazo de validade.

Pra resolver essa pendenga? É claro que sabemos todas as fórmulas, mas começar dá uma preguiça...
Mas tem que ser feito. E quando o pezinho toca o lodo do fundo do poço é que acordamos para poder começar a subir e aproveitamos até a corda que já estava no pescoço.

É isso aí. Te vejo lá em cima!

Balzaks

quarta-feira, 2 de junho de 2010

SOLTEIRA EM CASAMENTOS

Fui convidada para o casamento de uma amiga neste final de semana. E mesmo sem ter ido já sei como vai ser. Casamentos são todos iguais. E uma moça solteira como eu, que já foi a muitos casamentos, passa sempre pelas mesmas situações.

Primeira etapa:
A igreja: Bem, esta é a parte séria da coisa. E por isso mesmo a mais chata. Se o padre, pastor, enfim, o celebrante for gente boa, os sermões fluem rapidinho e o intervalo de tempo entre a marcha nupcial e o SIM não dura mais do que 30 minutos. Mais do que isso é torturante. Afinal, se eu quisesse ir à missa ou ao culto não faria isso num sábado à noite toda emperequetada, né? No meio do tédio de senta-levanta pra abençoar o casal, hora de dar uma sacada por todas as dependências da igreja e ver se tem algum cueca que se aproveite entre os convidados. Moços de terno, hummm... Aquele padrinho não é de se jogar fora, um grupinho masculino que tá bebendo escondido no fundo da igreja promete. Enfim, eis que alguém declara os noivos “marido e mulher”, é hora da melhor parte da coisa:

A festa – Todo mundo vai pro casamento só por causa da festa mesmo, portanto, abro aqui um parêntesis – se você for casar e não pretende fazer festa, não convide ninguém, ok? Faça uma celebração no cartório com dois pares de testemunhas e só. É algo extremamente broxante comprar presente, se arrumar toda pra acabar tudo na porta da igreja.

Bom, antes da festa, tem a hora dos cumprimentos. Acho isso muito constrangedor, em todas as vezes nunca consigo falar mais nada além de “parabéns, felicidades”. Ficar embaçando na hora de cumprimentar os noivos atrasa a fila enorme do povo que tá muito mais interessado na qualidade do whisky do que no abraço apertado aos nubentes.

Salão lotado, começa a tão esperada. Primeiramente, é servido o maledeto jantar, e digo maledeto porque não vejo necessidade alguma em comer em casamento. Não consigo achar graça em comida de buffet e invariavelmente nunca como nada nessas ocasiões. Se eu quisesse comer, comia em casa, né? Mas sempre sou uma das primeiras a utilizar os serviços do garçom no quesito “líquidos”, o que é um perigo porque se cabeça vazia é oficina do capeta, estômago vazio + goró é a escola de samba do capeta!

E começa o “baile”. Sim, é baile porque é cafona mesmo. As bandas de casamento têm um tratado interno de tocarem as mesmas músicas. Enquanto o povo enche a barriga, musiquinhas estilo “besame mucho” pra não desviar a atenção da comida. Quando um tiozão desavisado tira a sua coroa pra dançar, começa a parte que realmente interessa: a baixaria.
A partir do momento que toca “eu perguntava do you wanna dance e te abraçava doyou wanna dance” já tá todo mundo animadinho. Não com a música, que é um horror, mas com a bebida mesmo.

E chega o momento “vergonha” pras moças solteiras. A hora do buquê. Confesso que não faço a mínima questão de pegá-lo, nem tanto por medo de casar, mas é que não acho que se engalfinhar com um monte de mulher por um ramalhete de flores mortas vá me trazer um marido. Mas sempre tem uma tia velha que tira minha taça da mão e me diz: “vai lá, vai”. E vou... E fico sempre no cantinho. E morro de vergonha. Nunca peguei nenhum buquê, não faço o menor esforço pra isso. Se ele cair no meu colo juro que viro de lado pra dar pra colega mais desesperada que estiver por perto. Juro.

Chega a hora do bolo, cuja beleza é inversamente proporcional à gostosura. O bolo é sempre coadjuvante, ninguém liga pra bolo em festa de casamento.

E flui a festa com suas bebedeiras e baixarias de praxe. É hora das crianças caírem de sono e dos mais velhos saírem à francesa. Ótimo, porque daí fica só quem interessa. Moços de terno... hummm.

Outro momento constrangedor: a venda dos pedaços da gravata do noivo. Abro outro parêntesis: você que vai casar, não forneça sua gravata pra esse ritual deselegante. Se quiser pedir esmola, coloca um cobertor nas costas e vá no semáforo mais próximo fazê-lo, ok?

Enfim, todo mundo alegrinho, gravatas devidamente afrouxadas, têm até as moças que arriscam ficar descalças no chão repleto de caco de vidro e bebida derramada... Xaveco, muito xaveco. Entre uma música da Ivete e outra, um garçom subornado pra trazer “aquele scotch”, hora de socializar, e, antes de ir embora, aproveitar o mais gostoso da festa. Os docinhos? Não, meu bem, os primos dos noivos!

E que os pombinhos sejam felizes para sempre...

Angel