sábado, 25 de abril de 2009

Revolta universitária

Pessoas queridas, eu sei que neguinha vai ficar puta, mas resolvi inaugurar mais uma seção, e como todas quase nunca com sequências. Com vocês...

"Revoltas Angelicais".

(Balzaks)

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Não tenho absolutamente nada contra estudantes universitários. Nem poderia ter, fui uma universitária em um passado recente, tenho vários amigos e parentes queridos universitários. Mas contra aquelas pessoas que vestem o disfarce de estudantes universitários para “barbarizar” cidades alheias, ah, contra eles eu tenho muita coisa mesmo!
No final de semana passado tivemos na minha cidade a triste experiência de abrigar centenas de estudantes universitários e sediar os jogos da sua categoria, eventos estes geralmente realizados em feriados nacionais e em cidades interioranas.
Para quem mora em uma das cidades “sorteadas” para sediar tais eventos, sabe muito bem do que eu estou falando: esses “estudantes” formam filas imensas no comércio local (principalmente nas padarias e supermercados), andam pela rua como se a rua fosse deles (a pé ou de carro), perturbam o sossego de milhares de habitantes da cidade com seu barulho ensurdecedor, desrespeitam todas as leis de trânsito, jogam lixo nas ruas, depredam telefones públicos e escolas, ofendem moradores, lotam pronto-socorros, e outras tantas atitudes dignas de vickings.
Pode parecer até careta da minha parte, mas como eu já disse, eu já fui uma estudante, eu conheço a putaria toda que cerca a vida estudantil, as tentações, as bebedeiras, as conversas de buteco, as festas sem fim, etc, etc (ô saudade). Não tenho nada contra isso não. Até hoje, em plena quase-balzaquianice, me divirto com as festas e com as histórias daqueles que têm o saboroso privilégio de viver essa vidinha dura (no sentido de falta de grana mesmo), mas mole (no sentido do “quase nada pra fazer”)
Mas sei lá, acho que esse tipinho de gente que se veste da carapuça de estudante e sai por aí destruindo cidades, é muito, muito mesmo diferente de mim e dos meus universitários queridos. Sem querer generalizar, mas já generalizando.
Eu morei em uma pequena cidade do interior do Paraná e por causa disso acabei conhecendo várias outras cidades vizinhas (ou nem tanto). Nunca participei de jogos, até porque levantamento de copo ainda não entrou em nenhuma categoria competitiva. Mas, nas minhas andanças, juro que nunca quebrei nenhum orelhão, nunca depredei nenhuma escola, nunca ofendi nenhum morador local pelo simples fato dele ser “caipira”, nunca dirigi bêbada até bater no carro de um pai de família (até porque eu não tinha carro, né?). Também nunca ouvi falar de nenhum amigo meu que tivesse estuprado alguma garota local ou que tivesse usado de um argumento forte (a grana) pra conseguir coisas inimagináveis. E nem por isso a gente deixou de se divertir. E muito!
Esses filhinhos-de-papai são tão burricos que precisam de um rótulo de estudante pra colocarem pra fora suas frustrações de “pobres crianças ricas” na forma de atitudes grosseiras, arrogantes e estúpidas. Fazem faculdade não para vencer na vida, mas para poder ter um pedaço de papel pra mostrar pro papy e pra mamy daqui a alguns anos.
E continuam causando transtornos por onde passam, com o simples argumento do “eu sou rico, eu pago”... e fica tudo por isso mesmo.
Se eu pudesse voltar atrás, eu teria sido do mesmo jeito. Eu teria comido marmita, tomado cerveja de marcas duvidosas, andado de busão circular, batido perna pra chegar no estágio debaixo de chuva, pego carona pra ir na balada, filado almoço na casa da “tia”. Só pra ter o privilégio de conviver com “gente fina, elegante e sincera” de verdade.
E que venha o próximo feriado... pra eu ir pra um lugar onde fique bem longe desse bando de babacas.

Angels

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