quinta-feira, 30 de abril de 2009

DIA INTERNACIONAL DO TRAMPO II

Balzaks

Balzaks já nasceu lascada. Seus primeiros ímpetos trabalhistas foi aos 4 anos, quando morava atrás de um campo de futebol em Santo André e seu irmão começou a ganhar uns trocados cuidando de carros em dias de jogo. Era uma espécie de flanelinha mal sucedido. Foi então que a pequena Balzak descobriu o seu lado empreendedor: começou a guardar os carros em sua imensa garagem, fazia discurso sobre segurança, com carinha de anjo e cobrava o dobro do preço dos outros meninos. Com o dinheiro arrecadado ia às compras de pequenos colares, brincos e pulseiras. Foi quando descobriu também que seria uma perua e que nunca saberia administrar seu dinheiro.
Já fez quase de tudo nessa vida. Só não se prostituiu e vendeu muamba, mas já se embrenhou em todos os tipos de trampos: balconista, sorveteira, babá (o que menos deu certo), secretária, professora e por aí vai. E é claro, todos os tipos de chefes.
Sua vida na informática começou aos 13 anos quando teve a petulância de fazer um teste em um jornal local. Afirmava com o nariz pra lua que conhecia tudo sobre digitação. Foi o seu primeiro contato com um computador e deu certo, passou no teste, mas não foi contratada. Pirralha é foda. Daí trabalhada com uma louca numa escola de inglês e tinha que datilografar provas de alemão em 4 vias, porque a véia murruga não queria gastar comprando-as da escola matriz. Acho que ela não se conformava de terem abolido o uso da varinha de marmelo. Mas seu trabalho era justificado: precisava pagar o curso de técnica em informática, para poder zarpar daquela cidade quando fizesse 18 anos. E foi o que a pequena balzak fez. Trabalhou, deixou de fazer faculdade pra trabalhar mais e nunca enriquecer. Levou um belo pé no traseiro, sem celulite na ocasião, e foi para cidade grande. Seu grande sonho era trampar como técnica em celulares, mas teve que se contentar em trabalhar em um barzinho descolado. Não sabia servir nada, só cerveja, e cada dia tinha que ir com um visú diferente. Eram roupas extremamente coloridas, apenas branco e preto, rasta etc. Voltou da cidade grande e recomeçou sua vida de atriz. Além de peças, pra sustentar o primeiro rebento, fazia campanhas vestida de barata, rato, estátua viva, decoração de festas, mosquito da dengue... Mais um pouco ela topava virar o Zé Gotinha. Foi então que um amigo lhe indicou uma vaga como designer gráfica. Ela topou e conseguiu o emprego, mesmo não sabendo porra nenhuma de Corel Draw e afins. Varou noites engolindo bíblias sobre o assunto e beleza. Só não recebeu o pagamento até hoje. Assim como outros na área. Ô povinho difícil de soltar os trocos! Na época que a já grande-mais-nem-tanto Balzak ralou como técnica em informática. Foi a época mais estressante e emagrecedora dela. Era pior que entregador de gás, tinha que se enfiar em cada buraco. Findado essa época, com mais um belo chute nos glúteos, começou a vida autônoma: aulas, assistência técnica, filhos, supermercado e o baralho. Até que resolveu que não deixaria mais nenhum bico de botina tocar brutalmente a sua parte verso. Virou funcionária pública!! Seu patrão agora é o povo! Mas tem muito povo querendo ser seu patrão. É muita estrela pra pouca constelação e muito patrão pra pouca Balzak. Mas tem suas vantagens, recebe em dia, emenda feriados, tem férias, engorda horrores, abonos e ar condicionado. Um dia ela ainda encontra uma brecha na lei e receber insalubridade.
E um dia os caras abrem uma sindicância para impedir que Balzak utilize o horário de trampo para escrever baboseiras no blog, saia nos jornalecos da city. Quem sabe assim o blog fica famosinho.

Nenhum comentário: