quinta-feira, 30 de abril de 2009

DIA INTERNACIONAL DO TRAMPO I

Caros seis leitores amados e queridos!
Está chegando o famoso 1°. de maio, Dia Universal do Trabalhador, e nós, como exemplos de trabalhadoras (ou seriam trabalhadeiras?) vamos curtir tal dia como todo bom trabalhador merece – fazendo nada, oras!
Maaaas, antes de curtir nosso final-de-semana prolongado com uma cervejinha gelada e nenhuma minhoca na cabeça, vamos contar nossa pequena mas admirável trajetória na qualidade de gente que faz, não esquecendo, é claro, dos personagens mais divertidos dessa historinha, nossos admiráveis chefinhos:

Angel

Angel era uma garota muito da mimadinha, criada com a avó e que nunca trabalhara outrora... até que a moçoila foi fazer faculdade, a água bateu na bunda, e ela percebeu que teria que optar entre almoçar ou pagar a conta do bar. Como as duas coisas eram deveras importantes para seu desenvolvimento estudantil, Angel resolveu arrumar um trampo para pagar suas continhas... e foi assim que tudo começou:
Angel prestou um concursinho meia-boca e se aventurou numa jornada que só acontece de 4 em 4 anos....ser recenseadora do IBGE! Isso mesmo, aquelas mocinhas que vão de porta em porta perguntar da sua vida, quantos rebebtos tem, quanto ganha, etc... Achando que era moleza, logo percebeu que a coisa era feia... o treinamento para tal trampo começava às 7 horas da manhã (horário que a moça costumava voltar da balada) e era ministrado por outros 2 rapazes não muito mais velhos que ela, e que não sabiam nem que dia é hoje, porém usavam o importante título de SUPERVISORES. Mas, difícil mesmo foi quando a moça teve que sair pra rua e descobrir que a área que ela escolhera era a pior (ou uma das piores) da cidade. Bater perna nunca havia sido uma atividade tão difícil. A partir desse dia, Angel passou a admirar os carteiros... não tardou para que os SUPERVISORES começassem a exercer o que os chefes mais gostam de fazer - a arte de dar pito – e apontar para a pobre recenseadora os vários defeitos e falhas na sua singela pesquisa. Até que a pobre moça tirou suas garrinhas de fora e falou umas verdades praquele “bando de moleques”. Resultado: teve que “desistir’ da tarefa mais cedo do que o previsto... desconfio que o CENSO 2000 não teve resultados muito precisos, mas não sei por que....
Pois bem, acabado o famigerado recenseamento (afinal, era temporário, graças ao bom Deus), Angel percebeu que deveria fazer estágio, afinal era uma universitária e tinha que prestar contas de suas atividades extra-curriculares. Não tardou para que uma solícita amiga indicasse Angel para ocupar o seu lugar em um respeitável escritório de advocacia. Porém, a pobre Angel esqueceu de perguntar à sua amiga a verdadeira razão dela estar saindo de lá (devia mesmo ter perguntado) e aceitou prontamente o emprego. Não era exatamente um estágio, depois ela descobriu que não era MESMO um estágio, ela estava lá para ser secretária do famoso advogado. Vamos chamá-lo de Dr. Dito. Dr. Dito era um homem muito calmo, de aparência frágil e fala macia, um gentleman. Já ouviu falar da expressão “lobo em pele de cordeiro” ? Desconfio que tal expressão foi inspirada no Dr. Dito...a pesar do jeito calmo e educado de ser, o Dr. Dito era um Chefe com C maiúsculo. Isso somado à inexperiência e irresponsabilidade típicas da pobre universitária, causou alguns dissabores... A pobre moça queria muito um estágio em sua área, Direito, mas acabou aprendendo com o Dr. Dito outras coisas muito úteis, tais como preencher cheques, grampear documentos alinhadamente, datilografar em uma máquina de 100 anos de idade, pegar a filhinha do chefe na escola, não derramar café na camisa dos clientes ao servi-los, etc. Tudo isso com um cândido sorriso no rosto, e, claro, com um pito bem dado no final da tarde em um tom macio de voz (para deixar a pobre moça mais P da vida ainda). Cansada, irritada, estressada, a Srta Angel, em um momento etílico com amigos desabafou aos prantos: “eu quero dar um chute no cu magro do Dito!!!”, frase esta que ficou para a história da faculdade. Não sei se chegou ao conhecimento do Dr. Dito a tal frase, mas, pouco tempo depois, Angel foi despedida com outra prática muito comum entre os chefes- a desculpa esfarrapada.
Chorando de tristeza (porque a conta do bar só aumentava), Angel apelou para todos os amigos e conhecidos para conseguir um outro estágio, quem sabe agora um estágio de verdade. Qual não foi sua surpresa ao conseguir, no mesmo dia, uma vaguinha em um estágio financiado pela própria faculdade e chefiado pela jovem advogada boa-praça, a DRA. HISTÉRICA. O nome e a fama da tal Dra. pareciam injustos, porque, de fato, ela se demonstrou bem receptiva à chegada da novata, inclusive comprando uma boa briga (atitude que depois se revelaria típica da Dra) para mantê-la no serviço. A DRA HISTÉRICA era realmente muito gente boa, pouco mais velha que a sua subordinada, mantinha o tal escritório com firmeza, porém uma certa fraternidade com seus subordinados (saindo para beber com eles de vez em quando, por exemplo). Quando a coisa pegava fogo, DRA. HISTÉRICA soltava seus gritos (não menos histéricos) e fazia o que resolvia todos os seus problemas – fumava um cigarro.
Depois de formada, Angel enfrentava mais um desafio – passar na OAB. Para tanto, ela precisava fazer um cursinho, que custava (muito) dinheiro. Mais uma vez, a moça pegou seu mirrado CV e foi bater à porta de escritórios, desta vez em sua cidade natal. Qual não foi sua surpresa ao ser entrevistada pelo DR.REGIME, advogado renomado e com um belo escritório frescurento de sua cidade, que ostentava tal nome pelo simples fato de ser um gordinho que vivia de dieta. O teor da entrevista foi meio duvidoso: “Você tem carta de motorista? Não. Você tem OAB? Também não. Está contratada!”. Pouco tempo depois, o DR. REGIME se mostrou mais um chefe com C maiúsculo, mas Angel, já bem mais espertinha descobriu uma maneira de aplacar toda a fúria do chefe. Era só dizer: “Nossa, REGIME, como você emagreceu!” que este abria um largo sorriso. Porém, tal argumento forte não foi suficiente, e meses depois Angel foi despedida...Motivo? Não tinha carta de motorista...nem OAB.
Angel, a partir daí progrediu. Consegui o título não muito honorário de advogada e passou à inesquecível experiência de sócia-chefe-irmã-amiga em um escritório dominado por cuecas e suas grandes limitações e atitudes fofas que só um cueca pode ter. O casamento acabou mas ficaram boas lembranças...
Hoje em dia a moça é profissional liberal, autônoma, bicho-solto. Mas sempre está aberta a novas propostas de trabalho. Desconfio que ela viciou em ter um Chefe....

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