terça-feira, 6 de abril de 2010

QUEM DÁ MAIS?


Nunca fui casada, sequer tenho filhos. Mas se tem uma coisa que eu entendo muito bem é papo furado de ex-mulher e ex-marido. Convivo com isso desde a infância. Sou filha de pais separados e na fase adulta, ironia do destino, separei muita gente por ocasião da profissão. E não há nada de bonito nisso, mas eu prefiro pensar que coloquei um ponto final em amores impossíveis.
E é raro encontrar um casal que aja de forma sensata nesse momento. Sempre inicio uma conversa entre “separandos” com a seguinte frase: “Advogado não é psicólogo!”. Mas mesmo assim, os limites da razão na maioria das vezes são ultrapassados nesse momento chato na vida das pessoas. Principalmente se o casal tiver filhos. Aí, descamba num “leilão de menores” apavorante.
Primeiramente, quem estiver se separando, seja homem ou mulher, tem que enfiar na cabeça que separação significa, sem exceção, perda de patrimônio. A matemática é simples. O que era um passa a ser meio. Mas tem muita gente que não entende, ou pior, que não admite isso. E tem muita mulher safada que acha que porque agüentou o cueca por um tempão tem que levar até as cuecas dele. E, pra se livrar do respectivo, tem gente que faz aqueles “acordos de mãe” com o outro, e deixa ele depenar a casa, ficando só com o “disco do Pixinguinha, sim, o resto é seu”. Depois de Inês morta, meu bem, não adianta chorar. Se você tinha esperança que um dia o outro ia voltar e que aquela casa tão bonitinha que os dois construíram ia ser novamente ocupada por você, esqueça. Provavelmente em uma semana, aquele(a) colega de trabalho acima de qualquer suspeita se mudará para a SUA casa de mala, cuia e escova de dentes.

Passada a fase do “meus bens pra cá, seus bens pra lá”, a preocupação agora é com os filhos. Eita moedinha de troca eficiente essa! Mais valorizada que dólar em dia de alta na bolsa de NY! E vem o monstro da “pensão alimentícia”. Na maior parte das vezes, a criança ou as crianças ficam com a mãe, o pai paga a esta um terço do que ele ganha pra ajudar a manter os rebentos e nos finais de semana leva os pequenos pra passear. Simples assim? Doce ilusão.
A partir do momento em que a separação é devidamente assinada, a sua vida e a vida do seu ou sua ex vão virar um verdadeiro inferno. Chantagens emocionais pra todo lado, atrasos de pensão, brigas no portão por causa do horário de visitas, crianças birrentas na volta pra casa, dureza extrema, e claro, pra afetar e azucrinar a pessoa que você mais odeia no mundo, nada melhor do que usar a pessoinha que ele(a) diz mais amar no mundo.
Eu já passei por isso na pele. Meu pai não tava nem aí pra gente, mas queria de qualquer forma azucrinar minha mãe. Então estragava nossos dentes e a nossa educação com doces fora de hora, brinquedos caros dados em datas “não-especiais” e presentes esdrúxulos, tais como um mini-bug para uma menina de 6 anos. Mas dinheiro pra comprar pão e leite, ele nunca nos deu. Até que um dia percebeu que minha mãe era durona na queda e se virava muito bem sozinha e virou red bull, “criou asaaaaas!”, e nunca mais apareceu, demonstrando com isso que era muito maduro pra ser pai.
Há muito mais pais assim do que se imagina. Geralmente o cara dá uma de paizão a princípio e enche a boca pra falar dos filhos. Mas é só conhecer outra mulher que transfere todo o seu imenso amor paterno aos enteados.
E a mulherada não fica atrás no quesito canalhice, não. Tá cheio de mulher que, pra dar uma pressionada no aumento de pensão, proíbe o pai de ver as crianças. Ou que dá chilique se o filho resolve ficar com o pai no seu aniversário, porque ficou sabendo que ele tava na balada “com uma vagabunda”. Mães que acabam com a reputação de qualquer pai pros seus filhos, que acabam se afastando do pai por pura chantagem emocional materna.
São situações muito tristes, e que se repetem com uma frequência absurda, mas que só chegam a conhecimento das autoridades quando um pai vingativo e mal pagador de pensão chega ao extremo de jogar uma garotinha de 5 anos pela janela de um prédio.
Nos dias de hoje, na hora de se demonstrar o amor de pai ou mãe, não importa mais quem é mais sábio, quem manda usar casaco no vento ou botar meia pra não pisar no chão frio. Não importa quem lê histórias pras crianças dormirem, quem empina pipa mais alto, quem imita cavalinho no tapete da sala, quem se veste de Papai Noel no Natal, quem faz o “melhor doce de abóbora do mundo”...o que importa agora é saber...quem dá mais?!!?
Angel

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