quarta-feira, 14 de abril de 2010

Home Alone

Aqui no blog a gente não costuma falar escancaradamente da nossa vidinha pessoal, até porque se falasse sobre isso a cada post nossos três leitores teriam uma crise de sono.
Mas já deu pra sacar que Balzacks é uma respeitável mãe de família, rainha do lar com dois rebentos abaixo das asas, e por sua vez, eu, Angels, sou uma semi-balzaca muito da sem-vergonha com uma irremediável síndrome de canguru que me encontro abaixo das asas da minha mamãe.
Porém, esta semana estou vivendo uma experiência diferente. Mamis fez uma curta viagem a trabalho e me deixou sozinha em casa, com um bilhete de recomendações. Desnecessário o bilhete, porque já morei sozinha e com amigos, e apesar de meio enferrujada, eu poderia muito bem administrar um lar sozinha.
Pois bem, munida dessa pequena porção de liberdade, pensei no que eu poderia fazer nesse período sem a poderosa chefona por perto. Não que minha mãe imponha proibições, mas obviamente, por respeito e vergonha na cara, há muitas coisas que não convém fazer com a mãe dentro de casa.
Eu poderia, por exemplo, contratar três gogoboys pra fazer um showzinho particular pras amigas, promover um esquenta pra cinqüenta pessoas com copos descartáveis e bitucas de cigarro pela casa toda, tomar um porre solitário berrando uma música do Tim Maia ou chamar um gaiato qualquer pra uma noite tórrida de sexo no meio da semana. Mas não fiz nada disso: acabei fazendo coisas bobas e pequenas que jamais faria se não estivesse sozinha.
Fui no supermercado tarde da noite pra comprar coisas inúteis, e quando voltei fiz questão de deixar as sacolas em cima da mesa da cozinha pra guardar as compras só depois. Saí no quintal pra olhar as estrelas que eu tinha esquecido que estiveram sempre por lá. Dormi tarde da noite pra depois me arrepender porque tinha que acordar cedo pra trabalhar. Fui à locadora alugar um DVD água-com-açúcar e constatei que durante a semana as prateleiras estão muito mais cheias e os corredores muito mais vazios. Desprezei a Helena, a Luciana e todo o elenco da novela. Molhei as plantas que ignoravam a minha existência. Comi fora de hora, coisas nada saudáveis e engordantes. Comprei coisinhas frufru de menina sem ter que contar pra ninguém o que tinha naquelas sacolas de loja cara. E depois disso tudo, fiquei assim, me sentindo que nem o Macaulay Culkin em “Esqueceram de Mim”, que quando percebeu que estava sozinho em casa gritava: “Mãããããe!!!! Tô assistindo bobagem na TV e comendo porcaria!!!!”
Mas foi muito bom. Foi uma “doce solidão”, como aquela música do Marcelo Camelo.

Agora, só resta saber de uma coisa: o que era mesmo que tava escrito no bilhete?
Angel

2 comentários:

Anônimo disse...

No bilhete:

"Não se esqueça de regar as plantas"

Se fosse a minha mãe, seria:

"Se for trazer gogo girls, reserve um gogo boy pra mim!"

aushaushauhsas

Shisuii

dirceubernardes disse...

Por que é que a gente sempre que pode busca transgredir as pequenas regras de comportamento que nos impõem? Isso é tão verdade na minha vida atual...não são grandes ofensas capazes de chamar qualquer atenção, mas parece que há qualquer efeito entorpecedor em agir diferente da rotina, nem que seja por alguns momentos...entendo completamente Angels...