terça-feira, 6 de abril de 2010

Hã? Vitrola?


Não sei o que está acontecendo com as pessoas, mas tudo está com um gosto de comida mal temperada e fora da temperatura adequada. Como se os ingredientes não combinassem nessa sopa louca que é o relacionamento entre elas.
Só sei que as pessoas, como os ingredientes, não são preparados no mesmo tempo. E talvez falte paciência e tolerância para esperar o cozimento do outro. Os amigos não querem mais ouvir o que anda acontecendo com a nossa cabeça e, sim, qual o programa para sexta à noite. Qualquer tentativa de um papo mais sério soa como aborrecimentos.
“Aff, lá vem ela com essa ladainha filosófica!”.
É por aí mesmo, quero amigos para poder falar as maiores besteiras que saem de dentro de mim, assim como os sentimentos mais ‘bobinhos’. Quero poder sonhar juntos com o encantado, com o que fazer com o prêmio da mega sena, com o que pensar sobre um texto de Brecht, se acreditar nas previsões dos astecas, se vale a pena continuar a acreditar na humanidade ou apenas nos animais. Quero discutir política, futebol e religião. Quero falar de assuntos ditos como ‘proibidos’. Tudo isso sem me achar uma idiota.
É como me sinto quando com as pessoas não sintonizadas e não tolerantes a outros temperos. Pessoas que não se respeitam, que não querem juntar pedaços de experiências, simplesmente por pensar que, se não são as suas, talvez não lhes acrescentem nada. Como se já tivessem passado por tudo.
Queremos pessoas inteligentes ao redor, mas não topamos maximizar todo nosso potencial. Empurramos a vida com banalidades para, quem sabe, passar o tempo mais rápido. Não acreditamos ainda no ‘Tempo Rei’, mas bradamos essa falta.
Não que devemos ser sérios e chatos o tempo todo. Defendo as idiotices cotidianas. Rir de si mesmo e dos outros também é uma delícia. Principalmente dos outros. Por isso quero contar as piadas proibidas, pois me conheço o bastante para não me achar preconceituosa.

Tenho quatro olhos, dois ouvidos e uma boca. Vamos sentar e juntar nossa parte do mundo?

 “Não se deve ouvir aqueles que aconselham ao homem que é imortal a pensar coisas humanas e mortais, ao contrario porém, na medida do possível precisamos nos comportar como imortais, e fazer tudo para crer segundo a parte mais nobre que há em nós” (Aristóteles)

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