quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Post filho da mãe

Eu não tenho filhos. Sim, ao contrário da querida Balzacks, eu tive acesso a métodos contraceptivos. Não sei se é de fato uma opção ser uma “não-mãe”, acho que acabou acontecendo. Até porque nunca encontrei um cueca que merecesse o título honroso de “pai dos meus filhos”.
Mas está cada dia mais difícil uma quase balzaca como eu não ser mamãe. Não pelo chamado da natureza ou pelo instinto maternal aflorado. Longe disso. Acontece que o tempo vai passando e a mídia, a família, a sociedade, todo mundo cobra um pouquinho de uma mulher que ela coloque mais gente no mundo. As amigas vão ficando grávidas, os convites para os indefectíveis chás-de-bebê já não soam como novidade, as celebridades da nossa idade ostentam suas panças balançantes em cima de trios elétricos e nas ensolaradas capas de revista de fofoca, você é frequentemente chamada de “tia” pelos filhos dos amigos, enfim, o seu mundo começa a ser cada vez mais adaptado àquelas que têm cadeirinhas no banco de trás do carro, ao invés de caixas de cerveja no porta-malas.
Há uns tempos atrás, com a minha idade as nossas mães já eram mães de toda a sua prole. Quase ninguém engravidava depois dos 30. Hoje, de fato, as coisas mudaram. Mas não avisaram isso pro nosso reloginho biológico. Estava eu conversando com uma amiga de 33 anos, recém-casada, que mostrava séria preocupação porque o seu médico exigiu que ela engravidasse no máximo em 02 anos. E que teria que emagrecer pelo menos uns 5 kg pra isso. Ou seja, além de não poder aproveitar os 5 primeiros anos mais razoáveis de seu casamento, sem criança chorando de madrugada, ela ainda teria que estar linda e magra pra esperar seu único rebento. Cruel isso.
Eu, particularmente, não tenho no momento vontade alguma de botar algum coitado nesse mundo zoado e poluído que nós vivemos. Acho egoísta demais fazer um ser humano sofrer (porque vai sofrer) só pra você matar a vontade de pintar o quarto de azul ou rosa. Além do mais prezo muito pela minha liberdade. Tenho pavor quando escuto choro de criança em qualquer lugar, arrepio quando vejo algum pestinha se jogando no chão do supermercado pra mãe comprar doce, e acho mulher grávida uma coisa horrorosa. Nem me venham com essa hipocrisia de que mulher grávida é linda, porque se fosse lindo mulher inchada e barriguda não teria tanto médico ficando rico de fazer lipo por aí.
Além do mais, acho que ser mãe não é nenhuma qualidade pra se ostentar. Tem muita mulher malandra usando o título de “mãe” como muleta. Acha que só pelo fato de ter parido é melhor ou mais importante que as outras mulheres, e usa e abusa da sua qualidade pra levar vantagem e poder falar o que quer, tanto pra seus filhos quanto pra todo mundo. Sinto muito, meu bem, mas vantagem mesmo você só vai ter na fila do banco, e durante parcos 9 meses. E não porque é da realeza, mas sim porque tá inchada e tem a bexiga pequena. Só isso.
Respeito muito as mães, principalmente a minha. Acho que criar filhos é um trabalho de Hércules hoje em dia, mas não faz ninguém melhor por causa disso. Sinto muito dizer, mas qualquer cadela de rua pode ser mãe. E isso não é ofensa, só quero dizer que é uma coisa natural.
Nunca ouvi ninguém dizer: “me respeite porque sou sangue A positivo!”, mas já ouvi um bando de mulher choramingando respeito pelo simples fato de ser mãe. E ser mãe é tão natural quanto ser A positivo, ou seja, não faz ninguém melhor ou pior.
Calma, não sou tão radical também. Um dia, quem sabe, posso ter filhos. Mas certamente isso só vai acontecer quando eu achar mais importante ficar medindo febre de hora em hora na madrugada ao invés de amanhecer na balada. E isso vai levar um bom tempo, viu?
Angels

2 comentários:

Anônimo disse...

Pra você o quanto a maternidade não é natural, e sim, humanamente construida. Precisa de requisitos e condições.

Afinal, nada é natural.

Mas mãe é mãe, só muda o endereço.

Shisuii

Anônimo disse...

Humm sinceridade me pareceu um texto de mulher de 33 e poucos que não conseguiu o que algumas conseguiram e critica quem fez... eu tb não sou mãe, mas não acho que vc tenha razão...