quarta-feira, 13 de maio de 2009

A síndrome de Pollyanna

Acredito que todo mundo ou quase todo mundo já ouviu falar no livro Pollyanna e seu desdobramento – Pollyanna Moça,e, mais ainda, na personagem-título, uma garota tão doce e meiguinha cuja história resiste ao tempo. Para quem não conhece, vai aí um resumão da tal obra literária de Eleanor H. Porter:
O título refere-se à protagonista, Pollyanna Whittier, uma jovem órfã que vai viver em Beldingsville, Vermont com sua única tia viva, tia Polly. A filosofia de vida de Pollyanna é centrada no que ela chama "o Jogo do Contente", uma atitude otimista que ela aprendeu com o seu pai. Esse jogo consiste em encontrar algo para se estar contente, em qualquer situação por que passemos". (Fonte: Wikipédia – perdão, mas tenho preguiça de pesquisar em uma fonte mais “cabeça”, tá, pessoas?)
Bom, como eu ia dizendo, a tal da Pollyanna é uma menininha muito da bonitinha, muito da meiguinha, que comia o pão que o diabo amassou com o cotovelo, mas que sempre arrumava um jeitinho de ficar feliz, aplicando o tal Jogo do Contente nas situações mais emputecedoras possíveis, tipo, quando ela pediu uma boneca de Natal e ganhou muletas, aplicou ao fato o jogo do contente e ficou feliz porque não precisava usá-las. Ou então, quando a tia-bruxa a colocou de castigo em um sótão escuro, empoeirado e mofado e ela mais uma vez lançando mão do tal joguinho maroto, ficou feliz porque da janela do cárcere podia apreciar uma linda paisagem com passarinhos....
Ela é chata? Sim, muito. Não se fazem mais crianças como no começo do século passado? Não mesmo. Mas, tenho que dar o braço a torcer. Confesso que em muitos momentos da minha vida me pego aplicando o tal jogo do contente, o que criou até uma senha com um amigo meu, do tipo: quando a gente começa a reclamar muito da vida, um já fala pro outro: Pollyanna!!!! E a gente morre de rir tentando achar alguma coisa que se aproveite de uma situação-catástrofe.
Não que eu tenha vocação pra Pollyanna (é, desde criança eu era arretada), muito menos pra Pollyanna Moça, que cresceu mas continuou doce, meiguinha e insossa. Mas é que existem momentos tão TPM na vida da gente que não há o que se fazer: caso você não possa apertar o botão “Foder Tudo”, o jeito é apelar pro famigerado Jogo do Contente, e tentar arrancar da situação o que há de “menos pior”.
Exemplo: Meu carro enguiçou? Meu chefe me lascou? Tá chovendo e meu cabelo tá uma merda? Aquele carinha de sexta não ligou? Tô endividada? Relaxo e faço o jogo do contente: olho para minhas mãos e reparo que minhas unhas estão lindas e bem-feitas...sou realmente uma privilegiada!
E por aí vai. Apegue-se a qualquer coisa idiota que não vai mudar em nada seus problemas, mas que pode te dar uma alegria instantânea. Tem horas que não existe nada melhor do que enganar a nós mesmas. E a danadinha da Pollyanna sabia muito bem como fazer isso...

Angels

2 comentários:

kaumasc@yahoo.com.br disse...

Muito bom o comentário sobre a Pollyanna. Acabei de ler a obra outra vez depois de 20 anos e retirei coisas beeeem interessantes. Há um link direto com alguns pontos neurocientíficos que tratam da produção de neuropeptídeos a partir de emoções boas ou ruins. Na verdade não há obrigatoriamente essa classificação, ou julgamento, das emoções. Todas são humanas. E para se viver nesse mundo assumindo o título de "gente", temos todos sangue de gente e não de barata circulando nas veias. É que... quando somos emocionalmente inteligentes, temos mais condição de ressignificar fatos fazendo valer o pressuposto "o mais importante não é o fato, e sim o que fazemos com o fato". A personagem de Eleanor Porter faz do "jogo do contente" a sua ferramenta ressignificadora. Ela encontrou a sua maneira de liberar neuropeptídeos mais úteis e interessantes na corrente sanguinea. Menininha danada! kau Mascarenhas. www.mudandoparamelhor.ning.com

Anônimo disse...

Li o livro depois de ler o seu comentário... Amei a dica da Polyanna esse Jogo do Contente funciona mesmo! Abraços! ^^