
Final de ano me deprime. As mesmas músicas de Natal tocadas na harpinha (graças a Deus, só nessa época que aparece a maldita harpinha), as mesmas comidas que engordam horrores, mas que com certeza comeremos, a correria pra comprar aqueles presentes de última hora que quase nunca agradam, tudo isso debaixo de sol escaldante alternado com a chuva torrencial dos natais do lado de baixo do Equador. Tão diferente da paisagem quase etérea dos cartões nevados importados da terra do Tio Sam.
Final de ano pra mim significa cansaço, uma correria desnecessária pra não se chegar a lugar algum. Um calor insuportável, que bota qualquer branquela que se preze pra sofrer. Quilos a mais e uma preguiça ostensiva pra malhar. E uma falta de grana danada, visto que uma profissional liberal que resolve problemas alheios durante o ano todo é esquecida por seus clientes nas vésperas dessas noites-felizes. E nada de décimo-terceiro.
Nessa época a cidade fica cheia de gente “que vem visitar a família”. Daí você encontra aquele(a) amigo(a) tão gente boa que de repente já não tem mais muito assunto com você. Os especiais das emissoras de TV são tão bestas e iguais em todos os anos, mas a gente sempre acaba vendo nas retrospectivas e afins que choveu pra caramba em São Paulo e que morreu um monte de ator velho nesse ano que passou.
E réveillon pra mim não deixa de ser menos deprimente. Colocar a roupa branca, a calcinha vermelha, pular as sete ondas (no meu caso, só se for na represa), tomar champagne à meia-noite, fazer a contagem regressiva com a TV ligada assistindo os fogos de Copacabana...mais do mesmo.
Juro que não queria me sentir tão TPM nessa época, mas é mais forte que eu. Juro que já tentei dormir no dia 24 e acordar no dia 02, mas não deu. Portanto, que passem logo esses dias melancólicos, pra que a gente volte à doce rotina dos dias úteis permeados de finais-de-semana e feriados.
Esse ano prometo que não prometerei nada... não vou pedir nenhuma ajuda celestial, não vou começar nenhuma dieta, não vou pedir pra emagrecer, pra papai do céu me dar um namorado lindo, fiel, gentil e tarado, não vou implorar pra ganhar o dobro da grana que eu ganhei no ano que passou, não vou pedir paz no mundo ou consciência ambiental pros seres humanos. Vou simplesmente passar uma noite. Mais uma noite. E beber e dançar até ficar cansada, até o dia amanhecer. Até o ano amanhecer. Porque é só mais um dia, mais um ano, e que seja simplesmente bom... sem grandes pretensões.
Faço, portanto, minhas as palavras do grande poeta Drummond:
Final de ano pra mim significa cansaço, uma correria desnecessária pra não se chegar a lugar algum. Um calor insuportável, que bota qualquer branquela que se preze pra sofrer. Quilos a mais e uma preguiça ostensiva pra malhar. E uma falta de grana danada, visto que uma profissional liberal que resolve problemas alheios durante o ano todo é esquecida por seus clientes nas vésperas dessas noites-felizes. E nada de décimo-terceiro.
Nessa época a cidade fica cheia de gente “que vem visitar a família”. Daí você encontra aquele(a) amigo(a) tão gente boa que de repente já não tem mais muito assunto com você. Os especiais das emissoras de TV são tão bestas e iguais em todos os anos, mas a gente sempre acaba vendo nas retrospectivas e afins que choveu pra caramba em São Paulo e que morreu um monte de ator velho nesse ano que passou.
E réveillon pra mim não deixa de ser menos deprimente. Colocar a roupa branca, a calcinha vermelha, pular as sete ondas (no meu caso, só se for na represa), tomar champagne à meia-noite, fazer a contagem regressiva com a TV ligada assistindo os fogos de Copacabana...mais do mesmo.
Juro que não queria me sentir tão TPM nessa época, mas é mais forte que eu. Juro que já tentei dormir no dia 24 e acordar no dia 02, mas não deu. Portanto, que passem logo esses dias melancólicos, pra que a gente volte à doce rotina dos dias úteis permeados de finais-de-semana e feriados.
Esse ano prometo que não prometerei nada... não vou pedir nenhuma ajuda celestial, não vou começar nenhuma dieta, não vou pedir pra emagrecer, pra papai do céu me dar um namorado lindo, fiel, gentil e tarado, não vou implorar pra ganhar o dobro da grana que eu ganhei no ano que passou, não vou pedir paz no mundo ou consciência ambiental pros seres humanos. Vou simplesmente passar uma noite. Mais uma noite. E beber e dançar até ficar cansada, até o dia amanhecer. Até o ano amanhecer. Porque é só mais um dia, mais um ano, e que seja simplesmente bom... sem grandes pretensões.
Faço, portanto, minhas as palavras do grande poeta Drummond:
Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido (mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um anonão apenas pintado de novo,
remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo,
eu sei que não é fácil
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
(Carlos Drummond de Andrade)
(Carlos Drummond de Andrade)
Angels
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