segunda-feira, 13 de junho de 2011

Existe vida além da PAFI?




Sim, a vida ourinhense não se resume a apenas bosta de vaca, duplas sertanejas e cachorro-quente com mil molhos. Graças a alguns, temos outras opções de vida.


Já comentei diversas vezes sobre meu ódio quanto a esta festa típica e ridícula de minha cidade. Os motivos são muitos e já cansei de esbravejá-los durante os últimos 15 dias.


Mas, literalmente, sambamos na cara desse povinho conformado e cheirando a churros.


Como divulguei aqui no blog, tivemos o Circuito SESC de Artes, quinta-feira em Avaré e sexta-feira aqui em Litlle Gold. O show do Clube do Balanço foi de lascar de bom. Domingão tivemos a Feijoada Verde, no Espaço Alternativo, com muito rock n’ roll.


Não querendo comparar os eventos desse fim de semana, no estilo PAFI X SESC ou FEIJOADA VERDE, mas é impossível não observar as diferenças entre eles.

Sexta-feira:


- A PAFI ofereceu o show do Restart (aqueles coloridinhos). Digamos que foi o dia da matinê. O show é gratuito, porém, é necessário ter um saco imenso para ficar na fila do estacionamento (R$ 15,00), para parar o carro a pelo menos 500 metros do local do palco e sem seguro. Enquanto espera o show começar (após a meia noite) beberica-se latas de Conti (R$ 5,00! – carái). Se bater aquela fominha, você pode comer espetos de carnes (+- R$ 40,00), que ficam expostas o dia todo, sofrendo com poeira, espirros e sabe-se lá Deus o que em cima delas. Se você fuma, torça para seu cigarro não acabar lá, pois vão te arrancar os pulmões por cada cigarro.


É claro que, além disso tudo, teve a abertura dos rodeios, que dispensa maiores comentários. É a sangria legalizada.


- O SESC ofereceu seuS espetáculos durante o dia todo, na praça central da cidade. Contamos com estacionamento amplo e seguro, gratuito, e a poucos passos do palco principal. Bebericamos Skol Latão a R$ 3,00 e se a fome batesse, podíamos escolher entre as diversas opções baratas e saudáveis próximas, como o crepe suíço a apenas R$ 2,00, com procedência garantida. O show foi contagiante. Com muita gente bonita, que podiam circular livremente, sem apertos ou rinite atacada.

- Sábado e Domingo: A PAFI ofereceu o show do Michel Tiló (aquele do Fudidinha com você). Uma opção romântica para os casais apaixonados (“Primeiro a gente fode, depois a gente vê...”). Mais uma noite de muito frio, muita conti e crepe (R$ 5,00) na cabeça. No domingo, mais um matinê, o Luan Santana. Aquele fofo.


No sábado tivemos muito samba, muitas tortas magníficas, vinhos e cervejas geladas. Tudo junto e misturado com pessoas ótimas e queridas. Para quem estava mais baladeiro, também teve samba no Jaraca, com torres de Skol a singelos 10 reais e os melhores quitutes de boteco.


No domingão tivemos muito rock na Feijoada Verde, no Espaço Alternativo. Também muita cerveja e um povo meio doido, como diria Luana. O legal desses eventos é que nunca precisam de seguranças. Não rolam brigas, nem roubos, o povo é doido, mas não é tonto. Ser vegetariana não é uma de minhas virtudes, mas a feijoada bem que me agradou. Rolou uma pequena fila para comer. Uma fila quase dançante. Para esse povo não tem tempo ruim ou tempo desaproveitado. Já que teria espera, o povo fazia o que gostava: bebiam, dançavam, se pegavam...


Não me sinto vingada. Sinto esperanças de que um dia esse evento agropecuário se torne apenas uma notinha de rodapé nos jornais e que nosso povo amadureça e perca seu medo de mostrar à região o que temos de melhor: nossos artistas, nosso verdadeiro ouro.

Dia dos Namorados Ainda

Já que o assunto se bandeou para o Dia dos Namorados, resolvemos dar algumas dicas quentes, estilo Glória Kalil do Pântano, de como presentear teu namorado/namorido/macho/mina e afins, com ética e bom senso.


1 – Seja básica: nada de coisas que você nunca faria. Além de poder doer, pode soar falso e artificial.

2 – Não seja tão miúxa! Camisetas, calcinhas/cuecas, lencinhos, fronhas e o caraio com screen da foto do casal, nunca! Ele não vai usar. Nem para dormir. É broxante. Isso serve para kits de futebol. Você não é o pai, amigo ou o irmão mais velho dele.


3 – DVDs de filmes: presente descartável. Nem vou discutir sobre pirataria ou não. É que assistiu, acabou. Além de mandar um suave recado de que passarão a vida assistindo filminhos. Eu acredito que o presente tem que ser algo marcante. Não com os dentes, sua loka. Mas se você der uma potência de som, no caso de um cueca-music, que graça tem? Vai ficar lá perturbando o mundo dentro de tantos outros.

4 – Dê presentes úteis: se o sapato do cara já aprendeu o caminho da tua casa, você não agüenta mais vê-lo e sabe que teu bofe tá pouco se fodendo com isso, tai a dica. Isso serve para outras peças também.

Mas tome cuidado com cuecas. É um terreno difícil, principalmente se você errar no tamanho, tanto para menor, quanto para maior. Não esqueçam que eles acham que pensamos em seus membros o dia todo e conhecemos cada centímetro fálico dele. Melhor não arriscar.

5 – Perfume: homem cheiroso é uma delícia, principalmente quando está conosco. Tai o problema: eu já presenteei dois caras com perfume e foram outras narinas que curtiram meu investimento.

6 – Você tem certeza que você vai dar um jogo novo a ele? CQsabe...

7 – Presentinhos tecnos só se ele não for nerd. Não corra o risco de dar algo que ele tem 30 deles jogados numa gaveta, por serem obsoletos, senão prepare-se para sacrificar um rim, topa? De resto são sempre bem-vindos.

8 – Cuecas que nos lêem: pesquisem com as amigas. Bons presenteadores só os que dão carros e jóias, o restante tem que ralar e usar a criatividade para não afundar o orçamento, a noite, o namoro...

9 – Flores o escambáu!!! Isso é para situações cotidianas! Para surpresinhas. Pelo menos é o que as mulheres esperam, mas poucas tem.

10 – Utilidades domésticas e ursinhos de pelúcia você guarda para o segundo domingo de maio. Para senhora sua mãe, com todo o respeito. Mentalize o seguinte: presente que mamãe dá, só a mamãe dá, presente de filhinho, só para sua mãe. Só pra reforçar: sua namorada não entra nessa.

Uma boa sugestão é se presentear, sem segundas intenções. Lingeries, óleos para massagens, chocolates, pernoite no motel, boas doses de vinho, orgasmos múltiplos, ataques súbitos de tesão, ou até mesmo, uma festinha surpresa com tudo isso.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Forever?

Tá chegando o Dia dos Namorados. Data ‘Sem noção’ para alguns, ‘Imprescindíveis’ a outros ou “Oba! Motel” para os mais espertos.
Lembrem-se que o mais esperto é o que reserva antes, para não broxar na fila de espera por uma vaga.


Sei de todo o papinho de que datas comemorativas são invenções do capitalismo e os blás possíveis, mas Natal, Carnaval e escambáu são temas alimentadores de nossos blogs o ano todo. Thank you Capitalismo!


Sei que muitas(os) estarão sem namorados(as), alguns por opção, os mais revoltados por falta de opção, e isso não quer dizer que são forever alone (vulgo: avulsos).
Esse fulano aqui.


Eu me revolto é com a hipocrisia dos forever alones, como se dormir de conchinha e cafuné durante um filme fossem coisas abomináveis. Alguns dão até um tom indecente pra coisa. Tá certo que certas manias de namoricos me enojam: apelidinhos (tigrinho, pombinha, glugluzinho, babaloozinho), andar pendurado no pescoço do outro, fazer malabarismos para carregar mil sacolas e continuar de mãos dadas e comidinha na boca do outro o tempo todo. Aff... vomitei sal de fruta agora.


Eu não sei o que é ter namorado no fatídico dia faz muitos anos. E confesso que sentia uma certa invejinha de algumas pessoas que estavam curtindo o lance no tal Dia. Casal quando tá apaixonado, qualquer coisa é motivo pra ficar se pegando. O que não quer dizer que não tenha pegado alguns sensíveis à data.


Detestava é ter que esperar a galera em botecos à meia luz, ao som de mela-cuecas e ‘coraçõeszinhos’. Aliás, eu creio que eles utilizam os mesmos do Dia das Mães e já conservam os embrulhos vermelhos para o Natal.


Mas, alones, vocês não são obrigados a encarar nem a ignorar o Dia dos Namorados! Ajam como se fosse Dia do Índio! Você tem que pegar um índio ou um bombeiro no dia deles? Isso sim devia ser tradição (ui).


Nem todos têm mãe ou pai nos respectivos dias comemorativos e isso eu considero mais triste. Muitos não têm trabalho no Dia do Trabalhador e não enchem a cara de cachaça e sofrimento no começo de maio. E não saem às ruas esbravejando: Eu sou livre! Não é um empreguinho de merda que vai me deixar realizada! Me resolvo com as próprias mãos! Sou desempregado por opção!


Conheço pessoas que realmente estão sozinhas por opção. Optaram por não se arriscar mais. Optaram por não se divertir com os caras errados, enquanto o certo não vem. Acho triste, mas não sei se discordo delas. Estão alones, não são 'forever alone'. Com escassas opções, ficar solteira por opção é lucro.
'Alone' são os que mesmo sós, conseguem amar a si e aos outros. Os 'Forever alone" cobram perfeição em si e aos outros.

O 'forever' é para quem não aceita as transformações do amor que não segue seus requisitos pré-moldados em filmes de sessão da tarde. São os que seguem a velha e falida regra: expectativas=decepções. Saiam desse clubinho e curtam todas as fases do amor, até as mais irritantes.

Eu sou a favor de algumas datas, que podem ser armas poderosas contra a rotina dos relacionamentos.

Temos que aproveitar para beijar muito no Dia do Beijo. Experimentar todas no Dia do Sexo, brincar de peteca no Dia das Crianças, ganhar café da manhã no das mães...
Só não sei se vale dar para o porteiro ou para o carteiro no dia deles, mesmo porque o Dia da Caridade é em julho e, pelo menos os meus não valem a pena e não contam méritos no céu. 
Esperem até o mês que vem para ser caridosa (ou serem caridosos com vocês) pois o cardápio ajuda (bombeiros).

E quem tem companhia de namorado no domingo, se deleite. Quem não tem, aposte nos amigos e passe horas agradáveis e etílicas com eles. É o que vou fazer após o pega, claro. 
 
PS. Casamenteiras: Maneram com São Tonhinho. O cara vai reclamar com JC de bulling.

domingo, 5 de junho de 2011

Circuito SESC de Artes dia 10


Dia 10 de junho, sexta, o Circuito SESC de Artes chega a Ourinhos com uma excelente programação artística reunindo música, teatro, dança, circo, literatura, artes visuais, artemídia e performances. Tudo isso a partir das 15h na praça Mello Peixoto, confira a programação:

ARTES VISUAIS - 15h
JOGO ACERVO SESC DE ARTE BRASILEIRA
Com o objetivo de aproximar o público do universo artístico por meio do contato com obras de arte, uma brincadeira de cartas com imagens de obras do acervo do SESC propõe indagações e reflexões relacionadas à arte de forma geral. Em sua segunda edição, o jogo criado especialmente para o Circuito SESC de Artes 2011 apresenta a coleção BRESSONIANAS, composta pelos fotógrafos brasileiros Carlos Moreira, Cristiano Mascaro, Flávio Damm, Juan Esteves, Marcelo Buainain, Orlando Azevedo e Tuca Vieira, que têm em suas obras a influência do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson.


Base V (SP)

Tendo como referência o clássico O Mágico de Oz, a intervenção busca alterar a paisagem e o cotidiano dos transeuntes. O público poderá acompanhar ao vivo a pintura de uma "estrada" que, como na história original, representa um novo caminho a ser escolhido. O grupo Base V foi formado em 2002 e desenvolve seus trabalhos a partir da experimentação livre e improvisação. Atualmente é formado por Danilo Oliveira, David Magila e Zansky.

PERFORMANCE - 15h
É CRÉDITO OU DÉBITO?
Vários artistas (BR)
Intervenções em que artistas e público negociam a troca, compra e/ou venda de conversas, gestos, textos ou objetos simbólicos, discutindo questões sobre a sociedade de consumo e o mercado da arte. Os trabalhos incorporam ideias e ações a partir de uma genealogia artística construída desde os anos 70 que subverte o sistema institucional da arte, estabelecendo alternativas de posicionamentos face ao sistema capitalista.


Artistas participantes: Ernesto Neto, Marcos Chaves e Renata Cruz.
Eu só vendo a vista, Marcos Chaves
Em uma banca de camelô, cartões postais são vendidos a R$ 1,99 em tiragem limitada. Ao lado dos cartões um televisor mostrará o vídeo que compõe esta obra.

Quatro semanas de objetos estabilizadores, Renata Cruz
A artista realiza a compra e catalogação de objetos do cotidiano oferecidos pelo público, que servirão de modelo para uma série de desenhos associados a frases de J. M. Coetzee, autor de origem sul africana. As composições serão vendidas a R$ 2.00, valor também pago pela artista para a compra dos objetos.

Troco uma embalagem por uma laranja fresca, Ernesto Neto
Um vendedor de laranjas é contratado para trocar em praça pública uma laranja descascada por uma embalagem industrial. A ação dá continuidade à pesquisa do artista sobre «cultura artesanal» e «cultura industrial».Duração: 4h


CIRCO MALABARÍSTICO
Irmãos Becker (SP)
Dois palhaços cômicos demonstram de modo criativo e bem humorado diversas técnicas de malabarismo e equilibrismo. A atração utiliza elementos como claves, facas, cones e fogo, criando uma performance interativa em clima de suspense. O público é convidado a se divertir nesse espetáculo repleto de adrenalina. A apresentação é composta pelos irmãos, André e Duba Becker, que realizam pesquisas na área circense desde 2001.
Concepção e Elenco: André e Duba Becker
Duração: 50min.


LITERATURA - 17h
TODAS AS PALAVRAS ME CONVÉM
Cia. Ilustrada (SP)
Intervenção literária e poética em que a palavra é a protagonista, seja ela falada ou cantada. Com perguntas como: “Qual é a palavra que você mais gosta?”, “Qual é a que você tem mais medo?” ou ainda “Qual é a palavra que mais te desagrada?”, a Cia Ilustrada faz uma divertida intervenção artística, com muita música, brincadeira e palhaçada. A proposta é aproximar o público da literatura.


Elenco: Junior Siqueira, Vanessa Gutz e Celso Amâncio


TEATRO - 17h30
A MULHER QUE COMEU O MUNDO
Núcleo de Investigação Usina do Trabalho do Ator (RS)
O espetáculo brinca com a metáfora da ganância desmedida e da busca desenfreada pelo poder, revelando a ridícula condição humana de querer a permanência e a posse das coisas por meio de lutas e dominação. Para contar essa história, a companhia utiliza máscaras e procura estabelecer outra forma de comunicação entre público e atores. O resultado é uma obra que privilegia a linguagem gestual, a narrativa através da música cantada e a pontuação através da percussão realizada por instrumentos musicais incorporados aos figurinos. O Núcleo de Investigação Usina do Trabalho do Ator existe desde 1992 e seu processo de trabalho criativo e técnico tem como figura central o ofício do intérprete e sua linguagem.
Elenco: Celina Alcântara, Ciça Reckziegel, Gisela Habeyche, Julia Ludwig, Pamela Fontoura e Thiago Pirajir.
Direção: Gilberto Icle; Figurino e Adereços: Chico Machad; Música: Flávio Oliveira; Preparação Vocal: Marlene Goidanich; Contra-regra: Shirley Rosári; Produção: Anna Fuã. Duração: 50min.

DANÇA - 18h30
OUTRO LUGAR
Focus Cia de Dança (RJ)
Outro lugar é uma construção coreográfica marcada pela movimentação do corpo em relação à arquitetura. A coreografia é composta por sete bailarinos, que durante quinze minutos interagem numa dança. O deslocamento dos bailarinos pelo espaço faz com que cada espectador tenha uma perspectiva única do espetáculo. A proximidade dos intérpretes também modifica a percepção do público que os observa.
Direção artística, criação original e coreografia: Alex Neoral
Intérpretes: Alex Neoral, Carol Pires, Clarice Silva, Marcio Jahu, Marisa Travassos, Mônica Burity, Rico Pinheiro
Duração: 15min.

ESPECIAL - 19h
VIDEORREPÓRTER
Com a missão de descobrir quais são os hábitos culturais dos moradores da cidade por onde passa, um videorrepórter faz rápidas entrevistas sobre quais são as opções de cultura, lazer e entretenimento da região. Ao final do dia, esse material é editado e apresentado no telão do palco, promovendo um encontro das respostas registradas com o público. Serão produzidos 88 documentários, um em cada cidade contemplada pelo Circuito SESC de Artes 2011. Coordenação: Aldo Quiroga
Com: Márcio Neves

ARTEMÍDIA - 19h30
VRUM
DMV22 (SP)
Um artista visual, um dançarino e um músico interagem em uma improvisação multimídia. A partir da técnica do grafite digital, o coletivo paulistano cria um “palco” dinâmico para o diálogo proposto entre som, cor e movimento, com o qual o público também pode interagir. A proposta artística do coletivo DMV 22 pretende abordar a saturação e a correria das cidades contemporâneas.
Com Mario Lopes, Gabriel Spinosa e Achiles Luciano.
Duração : 30min.


MÚSICA - 20h
CLUBE DO BALANÇO (SP)
O grupo de samba rock Clube do Balanço foi formado de forma despretensiosa, no ano de 1999, para tocar em um baile, na Cohab I, na Zona Leste de São Paulo. Com o sucesso da apresentação, a banda liderada pelo guitarrista e cantor Marco Mattoli foi conquistando novos públicos e espaços até que, em 2001, lançou seu primeiro disco, Swing e Samba Rock, que contou com a participação de diversos convidados de relevância na história do gênero, como Erasmo Carlos, Luis Vagner, Bebeto e Marku Ribas. Nestes doze anos de carreira, o Clube do Balanço lançou mais dois álbuns, sendo o mais recente, Pela Contramão (2009), o primeiro 100% autoral.
Marco Mattoli - Voz e Guitarra / Tereza Gama – Voz / Edu "Peixe" Salmaso – Bateria / Léo "Gringo" Pirrongelli – Baixo / Tiquinho – Trombone / Fred Prince – Percussão / Marcelo Maita - Piano Fender / Reginaldo "16" Gomes – Trompete / Wilson de Paula "Fumaça" - Percussão / Claudio Costa – DJ / Renato Bergamo – DJ. Duração: 80min.
Concepção e Direção: Junior Siqueira

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Miopia

Sim, somos míopes. Eu e Balzaks temos o triste estigma que nos persegue desde a mais tenra infância. A gente é QUATRO-OLHO! E naquele tempo não era bulliyng não, a meninada zoava com vontade e sem medo de represálias.



A minha miopia começou muito, mas muito cedo. Eu tinha 5 anos e me lembro perfeitamente. Sentia dores de cabeça terríveis, devia ser meio abobadinha, daquele tipo que não enxerga mosca na parede, que fica brigando com as imagens borradas da TV, até que mamãe resolveu me levar no doutor. Lembro como se fosse hoje da carinha triste dela com uma receita na mão e uma sentença que me perseguiria pelo resto da vida: “Filhinha, você vai ter que usar óculos!”. Ela sabia o triste fardo que me perseguiria, porque ela, também míope, foi a responsável por me passar os (maus) genes da quase-cegueira.

E lá fui eu, na ótica, comprar o primeiríssimo dos muitos óculos que eu usaria ao longo desta vida. Era rosa e tinha uma mini-Mônica decorando a lateral. Que fofura!

A partir daí, eu era oficialmente quatro-olho, e a partir daí, diversos percalços iriam me acompanhar.

Pra quem nunca usou óculos e diz que é “legal, charmoso, dá um ar de intelectual” eu digo: Não, não é legal, é uma bosta! Primeiro porque você nunca é uma pessoa completa por si só. Você sempre precisa daquela maldita armação com lentes para VIVER. Sim, não é exagero, você simplesmente não sobrevive sem aquilo.

Ser míope é, em resumo: pagar mico cumprimentando quem você não conhece; passar por metida não-cumprimentando quem te conhece, ser o último a ser escolhido em qualquer modalidade esportiva, na adolescência ser o(a) nerd-pega-ninguém, ter que fazer trabalhos escolares pros outros porque só pelo fato de usar óculos te acham “inteligente”, fora todos as demais inconveniências que um par de óculos traz ao seu dia-a-dia.

Seguinte: óculos custam caro, e é uma das coisas mais fáceis de se perder, competindo em pé de igualdade com guarda-chuvas e isqueiros. Fora aquelas ocasiões nas quais você acidentalmente sentará no seu par de óculos transformando ele em um “S” disforme, e ainda pode ser que seu cachorro resolva achar que seus óculos são um osso e mastiguem toda a armação, sem contar que tem gente (estranha) que rouba óculos de grau (juro, já aconteceu comigo).

Eu sou uma míope típica. Com muuuuuitos graus de miopia (5 graus, pra ser mais exata). Daquelas que, na escola, tinham que sentar na frente pra enxergar na lousa, o que não era lá muito prático, visto que eu sempre fui uma girafa e meu cabeção ficava na frente dos demais coleguinhas (pois é, quatro-olho, cabeção, e girafa. Bullying: a gente vê por aqui).

Já na adolescência, pra paquerar os gatchenhos, era uma tristeza, porque eu não queria passar por nerd bobona e tirava os óculos pra ir pra balada ou pra passar perto de um mocinho. O que era uma desgraça só, porque eu invariavelmente paquerava o cara errado, e, pior, tropeçava na frente do cara certo, porque não enxergava os degraus e os buracos do chão. Triste.

Até que um dia, eu revoltei e cansei de usar óculos. Depois de muito tempo, já com vinte e poucos anos, resolvi usar lentes de contato e foi A LIBERTAÇÃO. Obviamente que as lentes também fazem a gente passar por vários percalços, são muito mais fáceis de perder, tem dia que ardem no olho que é uma desgraça, enfim, mas pelo menos eu disfarço que sou fodona, descolada, e que enxergo muito bem, tudo isso grandes mentiras, porque uma vez míope, pra sempre estabanada!

Parafraseando o Herbert, “Se eu te disser periga você não acreditar em mim. Eu não nasci de óculos, eu não era assim!”. Gostem de mim, meus queridos, “por trás dessa lente... tem uma mina legal.”

Angel