terça-feira, 14 de setembro de 2010

É DO CASSETE!!!

Falando um pouco mais de música, me recordei de um objeto que, durante muitos anos, foi a minha maior fonte musical. A fita cassete. Eu sei que parece definição de civilizações aborígenes de séculos atrás, mas sim, em um passado não tão distante, as pessoas não baixavam músicas pela internet. Elas compravam discos de vinil, ou aqueles que eram mais práticos ou mais duros (que era o meu caso), compravam ou gravavam suas músicas em fitas cassete.



A minha memória mais remota de uma fitinha dessas é de umas fitas do Chico Buarque que minha mãe mantinha no carro. Quando ela ia dar aquela voltinha estratégica à noite pra gente dormir, eu pegava no sono ouvindo Chico e Bethânia cantando “Quem te viu... quem te vê”. Além dessa fita, que era minha preferida, mamãe tinha uma caixa enorme cheia de fitas dentro do carro (não tinha aquela moleza do case de CD, tinha que carregar aquele caixotão pra cima e pra baixo), onde se encontravam muitas fitas do Chico, do Roberto Carlos e até (pasmem) do Wando e do Emilio Santiago (tomara que minha mãe não saiba que publiquei isso).



Pouco tempo depois, lembro de uma fita da Madonna que minha prima tinha. Na época eu dizia que gostava mais da Tina Turner pra parecer diferente, mas na verdade eu adorava ouvir “Like a Prayer” (aquela do clip do Jesus negão gostosão) mil vezes.



Na pré-adolescência, comecei um hábito que se arrastou por vários anos. Gravar fitas. Tinha “seleções” gravadas, de rock a lambada. Emprestava fitas de amigos e gravava. Quase não existia CD naquela época, e os poucos que existiam eram caríssimos e não chamavam CD, e sim, laser (lembra disso?).



Lembro de uma das fitas de lambada que eu fiz que perdi na escola (ou me roubaram, gente de mau gosto), num campeonatinho de lambada que organizamos (por favor, esqueçam que um dia eu participei de campeonatos de lambada!).



Depois dessa fase tosca, dei uma melhoradinha no meu gosto musical. Comecei a querer ser grunge, e gravava dezenas de fitas do Nirvana, do Pearl Jam, do Mettalica e do Guns n’ Roses (eu era apaixonada pelo Axl). Também tinha minhas preferências pelo rock nacional, e Legião Urbana fazia parte da fase “adolescente que quer cometer o suicídio”. O problema é que “Faroeste Caboclo” ocupava quase um lado inteiro de uma fita.



Logicamente coloquei um pezinho na era “dance”, e ouvia Double You e Cheyenne (“Provocame, mujer, provocame”). Continuando no brega latino-americano, fitas da Shakira cantando “Estoy aqui” estridentemente faziam um mega sucesso entre as meninas.



Tive também minha fase de comprar fitas de trilha sonora de novela. Minhas preferidas eram a Tieta (cuja música-tema era do Luiz Caldas, quase um Beto Barbosa) e a trilha internacional de Vamp, que tinha uma foto da Luciana Vendramini na capa. Destaque pra “Love Hurts” numa versão cafona da Cher e “I’ll remember you”, do Skid Row, uma bandinha tosca mela-cueca que eu gostava porque o vocalista (Sebastian) era um loiro cabeludo parecido com o Axl Rose.



Mas legal mesmo era gravar fitas do rádio. Ficava tardes inteiras esperando tocar alguma música que eu gostasse nas FM’s e ficava puta quando o locutor falava no meio ou no finalzinho da música. Acabava com a minha arte de gravar com perfeição. Hoje em dia não tem graça nenhuma procurar um arquivo e fazer em segundos o download. Gostoso mesmo era esperar a tão sonhada música tocar na rádio, ou chegar ao cúmulo de ligar na rádio pra pedir aquela música que faltava na sua seleção.



Logicamente, as fitas tinham seu inconveniente: volta e meia enroscavam, e se viravam metros de fita inútil. O barulhinho da fita enroscada no cabeçote anunciava o “xiii, fodeu” da fita. Era triste quando isso acontecia. A galerinha “do mal” dizia que chá de fita deixava doidão, mas eu sempre tive medo de experimentar (ainda bem, né?) e simplesmente jogava tudo aquilo fora.



Passou um tempo e as fitas simplesmente sumiram de circulação. As minhas fitas mesmo, nem sei qual foi o paradeiro delas. Devem estar em algum lixão poluindo o meio ambiente ou guardadas em alguma caixa nos cafundós de algum guarda-roupa. Seria engraçado imaginar o Kurt Cobain dividindo espaço com o Wando eternamente. Enfim, esses tempos não voltam mais, nem apertando o REW.

2 comentários:

Anônimo disse...

aushaushauhsauhsasa

Eu gravava fita até uns seis sete anos atrás

(Apesar de usar napster na época)

Adorei! Saudades mesmo

=)

Shisuii

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.