sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Agosto a gosto

É tão linda que até parece que a natureza que fez.
Praia do Forte - Mata de São João/BA
Sempre me referi ao mês de agosto como o mês do cachorro louco. Achei que a ausência de baba justificasse minhas loucuras, mas esse ano agosto se tornou muito a meu gosto.
Como trabalho em setor público sempre sou enviada a cursos interessantes massantes em outras cidades, visando um melhor atendimento à população e a happy hours em outros ares. Há duas semanas fui escalada a participar de um curso em São Paulo, que aconteceria numa segunda e terça-feira. Como havia um feriado municipal na quinta-feira anterior e, como todo servidor público que se preze e que respeita a classe, resolvi que prolongaria minha estadia na capitar, para curtir um pouco meu povinho de pronúncia curta dos “R”.
Pois bem, montei minha malinha-baú-perua, com todos os apetrechos e caprichos necessários ao clima metropolitano: botas, cintos, jaquetas, camisas, jeans básico, chapinha, secador e quilos de maquiagem. Me aconselharam a levar luvas cirúrgicas e máscaras, mas confesso não ter coragem para usar tal parnafenalha, afinal, poderia borrar meu batom.
Bagagem, passagens, roteiros noturnos prontos e o tempo correndo depressa, me mando para a Rodoviária. E eis que a história começa...
O telefone toca com a notícia de que meu amado não poderia ir me encontrar em SP. Como já esperava por isso, nem me abalei tanto, embora estivesse mordendo azulejos. Então me vem a proposta indecorosa que, concuminada com as várias skols ingeridas, a adrenalina e as reclamações dos azulejos, me convidava a ir até à Bahia na manhã seguinte.
Rosa, Rosa, Bege e cor-de-rosa-chiclete! Aceitei. (Claro!)
Fazia apenas 12 anos que eu sonhava com isso e sempre minha coragem era tão curta quanto minha grana. Esse era o momento. Para uma balzaquiana apaixonada, momentos assim não podem ser desperdiçados. É claro que na hora do faniquito de ir nem me toquei que não subo numa cadeira para trocar uma lâmpada de medo de altura e quando vi estava no aeroporto com o bilhete na mão. Aijisuis! Pânico.
Subi naquele treco e conforme ele ia subindo, meu sangue todo ia descendo. As pessoas ao redor deviam achar que eu era alguma espécie de camaleoa, pois estava branca como as nuvens. Se o tempo fechasse, eu cairia preta também.
Após a aterrissagem, ainda houve o grand finale de baixaria suburbana: tive que pedir para a aeromoça me ajudar a descer as escadas. Juro que fiz cara de problema sério.
Tudo isso foi superado com o feliz encontro e o caminho ao paraíso.
O lugar foi desenhado caprichosamente pelas sagradas mãos de nossa querida mama natura. Tudo lindo se encaixando com lindo e em perfeito funcionamento.
Só não digo que o lugar é mesmo o paraíso porque tem uma salgada conta no final.
Ficamos em um condomínio só para nós, brincando de casinha e de outras brincadeirinhas regadas a vinho, que fazia meus hormônios darem piruletas no ar e saírem até pelas orelhas. Ainda bem, pois, se vocês ainda lembram, minha mala estava na versão inverno total, nem um chinelinho a coitada carregava, então, não fiz questão de muitas roupas. Nossa ‘casa’ ficava ao lado do Projeto TAMAR, aqueles das tartaruguinhas, mas nós nos empenhávamos no Projeto TOMAR mesmo.
Parece que aquele povo todo é ensaiadinho para shows stand up’s, pois contavam cada caso. É claro que nem cheguei perto da culinária típica do local. Só aquele cheiro de dendê já fazia meu estômago xingar até a mãe.
Fora isso, foi tudo melhor que os roteiros inventados e reinventados durante toda a transição de uma cabecinha pós adolescente a esta mente balzaquiana.
Voltei, descarregada de estresse e carregada de contas e amores.
Me aguarde, povo de sotaque gostoso e preguiçoso, pois eu amei e voltarei a essa terrinha, talvez até deixe minha carcaça aí, antes de ir para o paraíso sem usar cartão de crédito.

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